De acordo com o estudo intitulado “Disparidades no estágio do diagnóstico de tumores de cabeça e pescoço no Brasil: uma análise abrangente de registros hospitalares de câncer”, foi constatado que pacientes com menor nível de educação têm maior probabilidade de serem diagnosticados em estágios mais graves da doença. Os tumores de cabeça e pescoço incluem aqueles localizados na boca, orofaringe, laringe, nariz, pescoço, tireoide, entre outras regiões.
A maioria dos pacientes diagnosticados com câncer de cabeça e pescoço tem em torno de 60 anos de idade. No entanto, a pesquisa do Inca apontou que, nos casos mais graves, os pacientes são mais jovens, com idades entre 30 e 50 anos, principalmente aqueles com baixa escolaridade e condições socioeconômicas desfavoráveis. Homens abaixo dos 50 anos, com baixa escolaridade, tabagistas e consumidores de álcool, representaram oito em cada dez casos graves de câncer de cabeça e pescoço.
Os pesquisadores do estudo também ressaltaram as desigualdades regionais, destacando a prevalência de casos mais avançados na região Norte do país. Eles defendem a implementação de mais ações que favoreçam o diagnóstico precoce da doença.
Flávia Nascimento de Carvalho, epidemiologista do Inca responsável pela pesquisa, enfatizou a importância de agilizar o acesso a consultas e exames especializados, com menos burocracia, a partir de encaminhamentos realizados pelas equipes de atenção primária. Segundo ela, a chave para aumentar as chances de cura do câncer de cabeça e pescoço, que chegam a 90% se tratado precocemente, está na identificação precoce dos sintomas, como desconforto na garganta, feridas que não cicatrizam, alterações na voz ou nódulos.
O estudo também mencionou o caso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que em 2011 foi diagnosticado com um câncer de laringe, mas conseguiu ser tratado e curado. A história de Lula serve como exemplo da importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado para a superação da doença.