Os dados revelados por Alfredo Scaff, coordenador do estudo, destacam uma preocupante realidade: muitos pacientes são diagnosticados em estágios avançados da doença. De acordo com a pesquisa, cerca de 78% das mortes relacionadas ao câncer colorretal ocorreram em indivíduos que já se encontravam nos estágios três ou quatro do tratamento, o que drástica e significativamente reduz suas chances de cura.
A natureza insidiosa da doença é uma característica alarmante, pois o câncer colorretal frequentemente se desenvolve lentamente a partir de pequenas alterações no organismo que, ao longo de anos, podem culminar em um diagnóstico tenebroso. Sinais de alerta incluem a presença de sangue nas fezes, mudanças no hábito intestinal, como fezes em fita ou diarreicas, dores abdominais persistentes e perda de peso inexplicável.
A incidência do câncer de cólon e reto faz dele o terceiro mais comum no Brasil, com uma estimativa de aproximadamente 45 mil novos casos a cada ano, conforme dados do Instituto Nacional do Câncer para o triênio 2023-2025. Essa realidade é ainda mais preocupante quando se observa o baixo índice de sobrevida em cinco anos, que é de 48,3% para câncer de cólon e 42,4% para câncer de reto, evidenciando a necessidade de um diagnóstico precoce e tratamento adequado.
Scaff enfatiza que a letalidade elevada do câncer colorretal no Brasil sugere uma carência nas políticas públicas de detecção precoce. O rastreamento, que poderia ser realizado por meio de exames como o de sangue oculto nas fezes ou colonoscopia, é crucial para a identificação precoce da doença. Ele destaca que, em países que implementaram programas de rastreamento estruturados, a taxa de sobrevida em cinco anos pode ultrapassar 65%.
Os especialistas recomendam que homens e mulheres a partir dos 50 anos realizem exames de rastreio regularmente. Aqueles com histórico familiar ou outras condições de risco devem iniciar esse acompanhamento de forma antecipada, de acordo com recomendações médicas. Para mudar esse cenário preocupante, é vital que o Brasil estabeleça um programa nacional de rastreamento que aborde o câncer colorretal de forma sistemática, assim como já ocorre com outros tipos de câncer. O envolvimento coletivo é essencial nesse esforço compartilhado por uma saúde pública mais eficiente e acessível.