SAÚDE – Conselho de Medicina apoia STF e questiona atuação de enfermeiros em abortos legais, ressaltando a importância da presença médica nos procedimentos.

No último domingo, 19, o presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), José Hiran Gallo, manifestou apoio aos votos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que se opuseram à liminar do ministro Luís Roberto Barroso, a qual permitia que enfermeiros atuassem em procedimentos de aborto legal. O debate surge em um contexto onde a legislação brasileira já prevê a realização de abortos em casos de estupro, risco à saúde da gestante e anencefalia fetal.

No sábado, o STF formou uma maioria para derrubar a decisão anterior de Barroso, que chamou a atenção para a necessidade de modernização das normas que regulamentam a prática médica em relação aos avanços tecnológicos. O ministro Gilmar Mendes foi o primeiro a divergir do voto de Barroso, sendo acompanhado por outros cinco ministros, incluindo Cristiano Zanin e Flávio Dino.

Em sua declaração, Gallo ressaltou que existe um número suficiente de médicos para atender às exigências das políticas públicas de saúde no Brasil. Ele enfatizou que a regulamentação existente, conhecida como “ato médico”, deve ser respeitada, argumentando que os médicos são os profissionais mais qualificados para lidar com diagnósticos e possíveis complicações que possam surgir durante esses procedimentos.

O presidente do CFM expressou preocupações sobre a autorização de enfermeiros para executar tais intervenções, alertando que isso poderia levar a “situações imprevisíveis” e a resultados indesejados, ampliando os riscos envolvidos. Para Gallo, essa questão não deve ser banalizada e requer uma análise cuidadosa por parte do Judiciário.

A liminar de Barroso, emitida na sexta-feira anterior, defendia que enfermeiros não deveriam ser punidos por oferecer suporte em abortos legais, argumentando que o contexto legislativo atual não contempla as inovações na prática da saúde. O ministro considerou que a legislação dos anos 1940 estava desatualizada, especialmente diante da evolução das técnicas médicas que permitem a realização segura do procedimento.

Embora a decisão de Barroso tenha sido inicialmente válida, ela necessita da aprovação do plenário do STF para ganhar força definitiva. Até o momento, a reportagem não obteve sucesso em contatar o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) para obter uma posição oficial sobre a liminar e os desdobramentos nas votações do Supremo. O cenário continua a ser acompanhado de perto, refletindo as tensões entre diferentes categorias profissionais e a complexidade ética e legal do aborto no Brasil.

Jornal Rede Repórter - Click e confira!


Botão Voltar ao topo