Um episódio alarmante recente ocorreu em Campina Grande, na Paraíba, onde mais de 30 pacientes apresentaram infecções após receberem injeções de medicamentos intraoculares. O Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) alertou que, embora esses pacientes estejam recebendo tratamento cirúrgico para suas infecções, o risco de perda da visão permanece elevado.
Os problemas reportados em mutirões não se restringem a um único evento ou local. No estado de Rondônia, um mutirão realizado em 2022, que envolveu 140 cirurgias, resultou em 40 casos de infecções. Já no Amapá, em 2023, 104 das 141 cirurgias realizadas apresentaram complicações. Casos semelhantes foram notificados em diversas outras regiões, como no Pará e no Rio Grande do Norte, onde falhas nos procedimentos de esterilização causaram contaminações graves. Um caso particularmente preocupante ocorreu em Taquaritinga, São Paulo, onde 12 pacientes perderam a visão após um mutirão para cirurgia de catarata com apenas 23 pacientes atendidos.
Diante desse cenário preocupante, o CBO enfatiza a importância de seguir rigorosamente as diretrizes estabelecidas por autoridades sanitárias em todas as etapas do planejamento e execução de mutirões. Isto inclui a necessidade de realizar os atendimentos em estabelecimentos com um histórico positivo de serviços oftalmológicos, bem como a supervisão contínua por parte das vigilâncias sanitárias locais para garantir que todas as práticas técnicas e operacionais sejam devidamente respeitadas.
Por fim, o CBO disponibilizou um guia orientador baseado em protocolos clínicos para gestores, profissionais de saúde e a população, visando minimizar os riscos associados a procedimentos oftalmológicos em massa. As recomendações incluem um monitoramento rigoroso pós-operatório e a comunicação imediata de eventuais complicações às autoridades sanitárias, para garantir que situações adversas sejam tratadas com a seriedade necessária.