A tecnologia de RNA mensageiro tem sido considerada uma das maiores revoluções na área da medicina. As descobertas dos cientistas laureados proporcionaram uma melhor compreensão de como o mRNA interage com o sistema imunológico, possibilitando assim a produção em maior escala das vacinas. Para o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, as vacinas de RNA mensageiro representam uma grande oportunidade não apenas para a prevenção de doenças infecciosas, mas também para o desenvolvimento de novas vacinas mais potentes contra doenças já conhecidas. Além disso, a tecnologia pode contribuir para a proteção contra doenças crônicas não transmissíveis.
As vacinas de RNA mensageiro se mostraram altamente eficazes no combate à covid-19, além de serem fáceis de produzir, uma vez que não dependem de material biológico. Renato Kfouri ressaltou que a tecnologia pode ser utilizada no desenvolvimento de vacinas contra outras doenças infecciosas, como gripe, sarampo e vírus respiratórios. Para o vice-presidente da SBIm, as vacinas de RNA mensageiro representam um divisor de águas na medicina, ampliando as oportunidades de prevenção ao introduzir códigos genéticos que estimulam o organismo a produzir proteínas específicas para combater doenças infecciosas.
A líder científica do Projeto mRNA de Bio-Manguinhos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Patrícia Neves, destacou que o Prêmio Nobel é resultado da importância da tecnologia de RNA mensageiro no enfrentamento da pandemia de covid-19. No entanto, ela ressaltou que essa tecnologia já vinha sendo pesquisada há pelo menos 20 anos e também estava sendo utilizada no desenvolvimento de vacinas terapêuticas para o tratamento do câncer. Patrícia Neves acredita que as possibilidades oferecidas pela tecnologia de RNA mensageiro são enormes e vão além da prevenção de doenças infecciosas, podendo ser utilizadas no tratamento de outras doenças e na produção de proteínas em doenças raras, por exemplo.
A pesquisadora estimou que a vacina brasileira contra a covid-19, desenvolvida pelo projeto de Bio-Manguinhos da Fiocruz, estará disponível em 2025, após passar por todas as fases de estudos clínicos e obter a aprovação da Anvisa. Gustavo Mendes, diretor de Regulatório, Controle de Qualidade e Estudos Clínicos do Instituto Butantan, destacou que a tecnologia de RNA mensageiro revolucionou a terapêutica e o campo das vacinas, por estimular o sistema imunológico de forma mais precisa e sem a necessidade de utilização de vírus.
Embora ainda não existam produtos disponíveis no Brasil com essa tecnologia, o Instituto Butantan submeteu uma proposta ao Ministério da Saúde para desenvolver estudos nessa área. Há um acordo de transferência de recursos para o Butantan começar as pesquisas em suas instalações. O anúncio do Prêmio Nobel trouxe visibilidade à tecnologia do RNA mensageiro, mostrando sua segurança, eficácia e potencial para várias aplicações médicas.
Em resumo, a pesquisa e desenvolvimento da tecnologia de RNA mensageiro foram reconhecidos com o Prêmio Nobel de Medicina de 2023. Especialistas e pesquisadores brasileiros destacaram as várias oportunidades oferecidas por essa tecnologia, como o desenvolvimento de vacinas mais potentes, a prevenção de doenças infecciosas e o tratamento de doenças crônicas não transmissíveis. A premiação também deu destaque à vacina brasileira contra a covid-19, que está sendo desenvolvida com tecnologia totalmente nacional. A tecnologia de RNA mensageiro é considerada uma revolução na medicina, proporcionando avanços significativos no campo das vacinas e da terapêutica.