Segundo o pesquisador Diego Xavier, historicamente as regiões dos vales, região metropolitana de Porto Alegre, depressão central e litoral norte do estado apresentam maior incidência de acidentes com animais peçonhentos. Com o aumento do nível das águas, o risco de acidentes com aranhas, serpentes e a transmissão de doenças como leptospirose, diarreias e dengue também se eleva. A sobreposição desses perigos exige uma capacidade maior do sistema de saúde para realizar diagnósticos diferenciados e identificar casos mais graves que necessitam de internação hospitalar ou tratamento especializado.
Além das questões relacionadas à saúde física, os especialistas também chamaram a atenção para a saúde mental da população afetada, dos profissionais e voluntários envolvidos no enfrentamento da tragédia. O aumento de casos de transtorno de estresse pós-traumático, depressão e ansiedade é uma preocupação, assim como a descompensação de doenças crônicas devido à interrupção do acesso a medicamentos e cuidados médicos.
A presença de lixo nas ruas à espera de coleta, a aglomeração de pessoas em abrigos e o contato com água contaminada são fatores que podem contribuir para o surgimento de uma série de problemas de saúde, incluindo lesões físicas como cortes, fraturas e queimaduras. A nota técnica ressaltou ainda a existência de 1.518 estabelecimentos potencialmente poluidores dentro da área inundada, que podem expor a população a substâncias tóxicas nos meses seguintes ao desastre.
Diante desse cenário desafiador, os pesquisadores enfatizaram a importância de iniciativas de cuidado coletivas, como campanhas de vacinação, fornecimento de água potável e instalações sanitárias adequadas nos abrigos, controle de vetores, acesso contínuo a medicamentos e cuidados médicos para os doentes crônicos, além de serviços de apoio à saúde mental. A implementação dessas medidas é fundamental para reduzir os riscos à saúde da população nesse momento de crise.