A OMS destacou que não apenas houve mais surtos, mas também que os surtos foram maiores. Os dados revelam que sete países – Afeganistão, Camarões, República Democrática do Congo, Malawi, Nigéria, Somália, Síria e República Árabe – reportaram mais de 10 mil casos suspeitos ou confirmados no ano passado. Segundo a entidade, é mais difícil controlar surtos de maior magnitude.
A projeção é de que, em 2023, o aumento de casos continue, e atualmente 24 países já confirmaram surtos de cólera em andamento, alguns enfrentando o que a OMS chama de “crises agudas” provocadas pela doença.
A cólera é uma infecção intestinal aguda que se espalha por alimentos e água contaminados com fezes contendo a bactéria Vibrio cholerae. A OMS destaca que essa situação está fortemente relacionada à falta de água potável, saneamento adequado, pobreza e conflitos. Outro fator que contribui para o recrudescimento da cólera são as mudanças climáticas, pois eventos climáticos extremos como inundações, secas e ciclones desencadeiam novos surtos e agravam os já existentes.
Além disso, o aumento na demanda por mecanismos de combate à cólera representa um desafio para os esforços de controle de doenças em todo o mundo. Desde outubro do ano passado, o Grupo de Coordenação Internacional (ICG), que administra o abastecimento de emergência de vacinas, optou por suspender o esquema padrão de vacinação em duas doses nas campanhas de resposta a surtos de cólera, optando por uma abordagem com dose única.
Esses dados preocupantes ressaltam a importância de investimentos em infraestrutura de saneamento básico, melhoria no acesso à água potável e ações de prevenção e controle da cólera. A OMS e outros organismos internacionais têm trabalhado para fornecer suporte técnico e recursos para os países afetados, mas é fundamental que medidas mais abrangentes sejam implementadas para combater essa doença e evitar futuros surtos. A saúde da população mundial depende disso.