A presidente da Abead, a psiquiatra Alessandra Diehl, ressaltou a importância de não apenas observar o crescente número de mulheres consumindo substâncias, mas também contribuir para mudar esse cenário. Ela mencionou que muitos espaços de tratamento para mulheres são oferecidos por organizações não governamentais e movimentos sociais, como o Alcoolismo Feminino e o grupo Colcha de Retalhos dos Alcoólicos Anônimos.
Um dos problemas levantados é a falta de espaços de tratamento que incluam mães e seus bebês. Durante o congresso, será discutido o tema da síndrome alcoólica fetal (SAF) e será apresentada uma iniciativa em Ribeirão Preto (SP) para reduzir a prevalência da síndrome. Outro assunto abordado será a necessidade de intervenções para os filhos de dependentes químicos, visando a prevenção do desenvolvimento de dependência química.
Outra pauta importante é o preconceito em relação aos dependentes químicos e aos profissionais da área. Segundo pesquisa da Fundação Perseu Abramo, realizada em 2009, 41% da população brasileira tinha antipatia em conviver com usuários de drogas. Esse estigma também afeta os profissionais da saúde que trabalham com dependentes químicos. O congresso irá discutir todas as formas de preconceito e estigma, inclusive aqueles reproduzidos pela mídia.
Além disso, o congresso abordará os avanços do Brasil na luta contra o tabagismo. O país é protagonista dentro da Convenção Quadro de Controle do Tabaco, tratado internacional assinado em 2003. No entanto, há ameaças, como o aumento do uso de cigarros eletrônicos. A prevalência do tabagismo no Brasil caiu de 43% para 12% desde a década de 1980, de acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde.
A pandemia de covid-19 agravou quadros psiquiátricos pré-existentes e gerou novos casos. O congresso busca não apenas promover o debate, mas também fornecer educação para os profissionais que estão na linha de frente e não tiveram acesso a cursos específicos de formação. O tema da diversidade escolhido para o congresso abrange não apenas a diversidade de gênero, mas também a diversidade de públicos, modos de tratamento e abordagem de políticas públicas.
O evento contará com a participação do ator Niso Neto, filho do comediante Chico Anísio, que irá compartilhar sua experiência de perda de um filho relacionada ao consumo do chá de ayahuasca. Serão discutidos também o aumento do consumo de medicamentos compostos e os impactos disso na sociedade.
Em resumo, o congresso abordará diversos temas relacionados ao consumo de álcool e outras drogas, com enfoque na diversidade, estigma e preconceito, tratamento para mulheres e seus bebês, intervenções para filhos de dependentes químicos, combate ao tabagismo e avanço do uso de medicamentos compostos. A intenção do evento é promover a troca de conhecimentos e experiências entre profissionais da área e fornecer informações relevantes para a saúde mental da população.