Essa parceria surge em um contexto global onde a competição entre potências está em alta, especialmente entre Estados Unidos, China e Rússia. A reaproximação entre a Rússia e o Irã não é meramente simbólica, mas uma resposta direta à tentativa dos Estados Unidos de reforçar sua influência no Oriente Médio. Especialistas alertam que tais movimentos são uma tentativa de os dois países equilibrar o poder frente a possíveis ações militares ou sanções americanas contra Teerã.
No âmbito nuclear, o acordo promete a construção de duas novas unidades da usina nuclear de Bushehr, com a expectativa de que fortaleçam a segurança energética do Irã. Essa iniciativa é vista como uma forma de resistir à pressão ocidental, especialmente considerando que o Irã já enfrenta sanções financeiras e restrições comerciais impostas pelo Ocidente. Analistas internacionais apontam que o projeto nuclear do Irã possui tanto a viabilidade da geração de energia como um componente estratégico de dissuasão frente a ameaças externas.
Ademais, a entrada do Irã no BRICS, o bloco que inclui potências emergentes como Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, acentua ainda mais a relevância da Teerã no cenário global. Essa movimentação reafirma o papel do Irã como um ator chave em um mundo que se distancia da unipolaridade dominada pelos Estados Unidos, avançando em direção a uma ordem multipolar em que diversas nações buscam equilibrar a influência norte-americana.
O acordo russo-iraniano é um forte indicativo do fortalecimento das relações entre nações que se posicionam fora da hegemonia ocidental, sinalizando não apenas uma nova dinâmica no Oriente Médio, mas também um movimento mais amplo em direção a uma nova arquitetura global. Com o tratado, Moscou e Teerã não apenas buscam consolidar suas alianças, mas também enviar uma mensagem clara: um mundo em que múltiplos centros de poder coexistem, onde as velhas regras já não se aplicam mais.