Os impactos dessa desdolarização já podem ser observados nos números: o volume de comércio entre os países membros do BRICS, que inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, já excedeu as transações realizadas em dólares. Segundo análises econômicas recentes, o Produto Interno Bruto (PIB) combinado dos países do BRICS, ajustado pela paridade de poder de compra, agora supera o do G7, o que indica uma mudança significativa no equilíbrio econômico global.
Durante a cúpula em Kazan, espera-se que seja apresentado um novo ecossistema monetário, a chamada “moeda BRICS”, que poderia servir como um escudo contra as sanções ocidentais e fortalecer as relações comerciais entre os países participantes. Este movimento reflete uma tendência crescente entre nações que buscam cooperação mais estreita e a construção de um sistema financeiro que não dependa das estruturas tradicionais dominadas pelo Ocidente.
A cúpula não apenas reúne líderes de 32 países, incluindo novas adições como Egito, Etiópia, Irã, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita, mas também conta com a presença de figuras influentes, como o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres. O encontro é visto como um divisor de águas, não apenas para os membros do BRICS, mas para a dinâmica global, com a possibilidade de redefinir alianças e estratégias econômicas em um mundo cada vez mais multipolar.
Assim, a proposta de desdolarização surge não apenas como uma resposta às limitações impostas por sanções, mas como uma construção consciente de um novo paradigma econômico, onde os países do BRICS buscam fortalecer sua autonomia e influência em um cenário internacional em transformação.