O prefeito de Rio Largo, Pedro Carlos (eleito como Carlos Gonçalves), enfrentou nesta semana sua primeira grande crise política, causada pela interferência do ex-prefeito Gilberto Gonçalves (GG) na gestão municipal. Atualmente ocupando o cargo de supersecretário de Governo — uma função criada por ele próprio nos últimos dias de sua administração —, GG tem atuado como se ainda comandasse o município, influenciando diretamente decisões administrativas.
A crise ganhou força quando Gilberto Gonçalves tentou indicar os presidentes das comissões da Câmara Municipal. No entanto, oito dos 13 vereadores da base aliada de Pedro Carlos barraram a manobra. Insatisfeito com a resistência, GG retaliou exonerando servidores nomeados pelos parlamentares, o que gerou forte reação. Diante da pressão, os vereadores exigiram a saída do supersecretário. Para evitar o agravamento do impasse, o prefeito respaldou a decisão da base aliada, levando GG a recuar.
Diante da reação negativa, o ex-prefeito pediu desculpas aos vereadores e revogou as exonerações. Em contato com o jornal Extra, Pedro Carlos tentou minimizar a crise, afirmando que Gilberto Gonçalves segue integrando sua equipe de governo.
Disputa por terras e influência política
A tentativa de GG de influenciar a composição da Câmara está diretamente ligada a um antigo embate com fazendeiros da região. Desde seu primeiro mandato, o ex-prefeito defende a transformação de áreas rurais em zonas urbanas para a cobrança de IPTU sobre terras agrícolas, especialmente as pertencentes à usina Utinga Leão e outros proprietários de fazendas.
Durante seu segundo mandato, Gonçalves encaminhou um projeto nesse sentido à Câmara, mas a proposta foi rejeitada, intensificando o conflito entre Executivo e Legislativo. À época, o então prefeito acusou os vereadores de receberem propina para barrar a iniciativa.
Agora, como supersecretário, GG tentou emplacar aliados na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, com o objetivo de retomar o projeto de taxação das terras. Fontes próximas aos fazendeiros afirmaram ao Extra que, por trás do discurso de aumento da arrecadação municipal, haveria um interesse maior: dificultar a situação dos produtores rurais para, posteriormente, viabilizar a aquisição dessas terras a preços reduzidos.