Conflitos no Programa Nuclear Iraniano: Perspectivas e Desdobramentos
A tensão em torno do programa nuclear iraniano ganhou novos contornos nas últimas semanas, com acusações de politicagem por parte da “Troika Europeia” — composta por Reino Unido, Alemanha e França — e os Estados Unidos. Mikhail Ulyanov, representante permanente da Rússia nas organizações internacionais em Viena, declarou recentemente que essas potências têm exacerbado a situação ao politizar essa questão estratégica.
Até agora, o Irã e os Estados Unidos participaram de cinco rodadas de negociações indiretas sobre o programa nuclear, mediadas por Omã. A expectativa de uma sexta rodada, marcada para o dia 15 de junho, foi frustrada devido ao surgimento de um conflito militar entre Irã e Israel. Essa escalada foi justificada por Israel e pelos Estados Unidos com a alegação de que o Irã estaria desenvolvendo secretamente um programa nuclear militar, resultando em ataques aéreos direcionados às instalações nucleares iranianas.
Em resposta a esta incursão, o presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, assinou um decreto que suspende a cooperação com agências internacionais, indicando uma postura firme contra os ataques percebidos como uma violação da soberania do Irã. Nos dois últimos meses, o país intensificou diálogos com as potências europeias para negociar um novo acordo nuclear, embora as exigências iniciais incluíssem a realização de conversas diretas com Washington.
Diante do prazo crítico da Resolução 2231 do Conselho de Segurança da ONU, que aprova o acordo nuclear de 2015 e que expira em 18 de outubro de 2025, as troikas europeias intimaram o Irã a aceitar um novo acordo. Caso contrário, anunciaram a intenção de restaurar sanções internacionais, situação que desencadeou uma série de medidas contrárias, como o envio de uma carta conjunta dos ministros de Relações Exteriores do Irã, Rússia e China à ONU, em que pedem a suspensão das sanções.
A estratégia iraniana se intensificou a ponto de parlamentares do país terem elaborado um projeto de lei para abandonar o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), caso as sanções fossem reativadas. O ministro de Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, reafirmou a abertura ao diálogo, ressaltando a necessidade de negociações diretas com os EUA, desde que estas sejam conduzidas em um espírito de respeito mútuo.
Esse atual cenário revela a complexidade das relações internacionais e os desafios que o Irã enfrenta em meio a pressões externas. À medida que o prazo para um novo acordo se aproxima, a comunidade internacional observa ansiosamente os desdobramentos dessa situação, que promete impactar não só a região, mas também as dinâmicas geopolíticas globais.