Renato Gaúcho é muito mais do que um simples treinador de futebol. Sua história dentro e fora de campo o eleva a um patamar de personagem que transcende as quatro linhas. Como jogador, ele foi um contestador nato, um protagonista de grandes conquistas dentro do futebol brasileiro, como títulos nacionais, da Libertadores e do Mundial. Já como treinador, ele revolucionou o futebol gaúcho, conhecido mais pela força do que pela técnica. Apesar disso, é importante lembrar que antes de Renato, Roger Machado já havia dado início a essa subversão da lógica tradicional.
Em 2016, comandou um Grêmio vitorioso na Libertadores, que combinava intensidade física com a classe de jogadores como Luan, que na época era considerado o craque das Américas. Sua passagem pelo Flamengo também não passou despercebida, conquistando um título brasileiro e solidificando seu nome entre os grandes técnicos do país.
No entanto, é fora de campo que Renato Gaúcho revela um lado ainda mais polêmico: suas palavras. Sempre provocativo, ele transita por terrenos escorregadios ao ser genérico ou dúbio em suas declarações. Quem não se lembra da famosa frase sobre preferir a praia ao estudo? Essas palavras geraram reações acaloradas e sua justificativa padrão: “Fui mal interpretado”.
Recentemente, suas declarações inflamaram ainda mais o ambiente do futebol. Em uma delas, insinuou que jornalistas poderiam ser perseguidos ou agredidos, o que gerou críticas e reações de entidades jornalísticas. No entanto, Renato tocou em uma ferida sensível, que é o desrespeito crescente contra técnicos e jogadores, tanto na imprensa tradicional quanto nas novas plataformas digitais.
Alguns conteúdos produzidos por youtubers e influenciadores são ricos e construtivos, porém, há aqueles que buscam apenas gerar polêmica e cliques, sem se importar com o impacto de suas palavras. Técnicos e jogadores são frequentemente alvos de humilhações e ataques gratuitos, o que vai contra a essência do futebol e desrespeita aqueles que se dedicam à modalidade.
Renato Gaúcho acertou ao exigir respeito, mas pecou ao não apontar diretamente os responsáveis por essa falta de respeito. Nomear os culpados seria uma contribuição mais sólida para o debate e para a construção de um ambiente mais saudável dentro e fora de campo. Em última análise, o que Renato pede – e o que todos nós precisamos – é respeito, em todas as instâncias do futebol.
Portanto, é necessário refletir sobre o papel da imprensa, dos influenciadores e dos torcedores na construção de um ambiente mais respeitoso e construtivo para o futebol. O debate crítico é fundamental, desde que seja feito com seriedade e sem desrespeitar a dignidade daqueles que fazem do futebol sua vida e sua paixão. E é essa reflexão que Renato Gaúcho provoca ao cutucar o vespeiro do respeito no futebol atual.