Depois de atravessar o caos político e econômico resultante de uma espécie de “micareta eleitoral” da luta pelo poder estendida do final de 2014 por todo o ano de 2015, o governador Renan Filho (PMDB) fechou o ano passado com elogio à política fiscal e êxito em poucas áreas além da conquista da redução dos números oficiais da violência. Com uma série de problemas que deixaram de ser solucionados devido à crise nacional, o governador de Alagoas não considera que errou ao ter apoiado a reeleição do Partido dos Trabalhadores (PT) para a Presidência da República, em 2014, em meio a tantos alertas de economistas e oposicionistas sobre as imposturas do primeiro mandato de Dilma Rousseff, que colocaram o Brasil em uma recessão, em 2015, capaz de levar o país para uma depressão econômica, neste 2016.
Questionado diretamente pelo Blog do Davi Soares se “foi um erro ter apoiado o projeto de reeleição de um governo que causou tantos problemas a Alagoas”, Renan Filho não deixou de reconhecer as falhas do governo petista, para o qual pediu votos, ingnorando os alertas sobre a iminente crise, feitos durante a campanha eleitoral.
O governador que tem utilizado a crise para justificar uma série de entraves e dificuldades no desenvolvimento de Alagoas apontou justamente para a oposição, ao afirmar que a situação atual também é culpa, principalmente, da não aceitação do resultado das urnas. Além disso, reafirmou que segue apoiando o governo de Dilma.
“O que a gente tem que fazer agora é o que o Brasil precisa: corrigir alguns desses erros, fazer algumas reformas importantes, fechar o orçamento e resolver a crise política. O que acontece mesmo, Davi, é que o principal erro é que também há, no Brasil, a não aceitação do processo eleitoral. Isso gerou um processo de impeachment que foi, de certa forma, inflado. Não há legalidade no impeachment. Nunca houve fato determinado contra a presidente. E isso se transformou numa crise sem fim, rapaz! Tem erro do governo? Tem. Mas tem também erro da oposição? Tem, que quer ganhar no grito. Perdeu no voto e quer ter terceiro turno. Então entra no TSE. Entra com dez pedidos de impeachment diferentes. Isso não é uma coisa que não quer dizer que o erro foi nós termos apoiado o governo [de Dilma]”, enfatizou o governador de Alagoas.
Ao reafirmar que a base do PMDB de Alagoas e seu governo têm uma linha política que mantém o apoio à presidente petista, Renan Filho pondera: “Que o governo cometeu erros, é inegável. Mas será que o anterior não cometeu erros? O governo Fernando Henrique não cometeu erros? Será que o Aécio Neves não cometeria erros?”.
Mas o governador justifica que seu apoio à campanha de reeleição de Dilma foi uma atitude de justiça com os feitos do PT em favor de Alagoas e do Nordeste. Apesar de lembrar que a reprovação do governo de Dilma é a mesma entre nordestinos ou no resto do país.
“Eu acho que o Nordeste votou em peso no governo da presidente Dilma, porque o Nordeste teve ganhos com Dilma e com Lula. Então, não era justo a gente não votar. Porque eles fizeram aqui o Canal do Sertão, o Bolsa Família, geraram empregos aos milhões no Nordeste. Por isso, não fomos só nós. Foi o povo que votou. E, do mesmo jeito que o povo está achando, hoje, que o governo precisa melhorar… Tanto que a aprovação hoje é a mesma no Brasil todo. Antes, o Nordeste aprovava o governo e o Sul não, ou menos. Agora, tá todo mundo desaprovando. E é sinal de que o governo, humildemente, precisa melhorar”, avaliou Renan Filho.
O filho o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB) também atribui ao escândalo do petrolão a diversidade de problemas que prejudicaram o Brasil e, consequentemente, Alagoas. Mas apesar de também ter seu pai e as contas de sua campanha para o governo no alvo das investigações resultantes da Operação Lava Jato, Renan Filho acredita que a resolução da crise política aceleraria a recuperação do Brasil.
“Não é só por conta do governo [de Dilma] que estamos vivendo essa crise. É por conta do problema na política, da Operação Lava Jato, tudo junto. É muito problema junto, e confundiu um pouco. O ano foi difícil, mas acho que, resolvendo minimamente a questão política, o Brasil é muito forte e se recupera rápido”, concluiu Renan Filho.