Reino Unido pode reconhecer Estado Palestino em meio a ofensiva israelense e crescente pressão interna, alinhando-se a França e Canadá na ONU.

Reino Unido avança em reconhecimento ao Estado Palestino em meio a tensões crescentes

O contexto político internacional vive um momento significativo com a expectativa de que o Reino Unido anuncie oficialmente o reconhecimento do Estado da Palestina. Essa atitude, que deve ocorrer no próximo domingo, se alinha a movimentos semelhantes já executados por países como França, Canadá e Austrália na Assembleia Geral da ONU. O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, está à frente dessa mudança, que ocorre em um clima de intensificação das ações militares de Israel em Gaza e da expansão dos assentamentos na Cisjordânia.

A decisão, há muito aguardada, não é vista com bons olhos por Estados Unidos e Israel, que criticam esse tipo de posicionamento. Starmer já havia sinalizado um alinhamento com a ideia desde julho, quando seu homólogo francês, Emmanuel Macron, expressou intenção semelhante. Além disso, a pressão interna exercida por parlamentares do Partido Trabalhista britânico tem sido um fator determinante na aceleração desse reconhecimento. O anúncio será veiculado via um vídeo, enquanto o vice-primeiro-ministro, David Lammy, representará o Reino Unido na ONU para oficializar a decisão.

Starmer enfatizou que o reconhecimento dependeria de um cessar-fogo em Gaza e de um compromisso de Israel em buscar uma paz duradoura que possibilitasse a concretização de uma solução de dois Estados. Contudo, as expectativas de que essas condições sejam atendidas são consideradas baixas, especialmente diante da atual ofensiva militar israelense e do crescimento dos assentamentos na Cisjordânia, uma questão sensível que gera apreensão em Londres.

A justificativa do governo britânico para esta mudança é a crescente violência na Cisjordânia e a atuação de grupos de colonos. Um exemplo é o polêmico Plano E1, que prevê a construção de 3 mil casas em áreas que podem comprometer a viabilidade territorial de um futuro Estado Palestino. Essa proposta, frequentemente relembrada por governos israelenses de direita, é considerada por muitos como um obstáculo à paz.

Atualmente, aproximadamente 150 países-membros da ONU já reconheceram o Estado Palestino. O respaldo de França, Canadá e Reino Unido representa, assim, uma significativa mudança no cenário político entre os membros do G7. A preocupação em Londres gira em torno do fato de que a expansão contínua dos assentamentos israelenses pode inviabilizar a criação de um Estado Palestino autônomo e sustentável.

Embora o reconhecimento do Estado Palestino ganhe forma, Starmer está determinado a deixar claro que o Hamas não terá espaço em uma solução futura. O Reino Unido pretende, ainda, intensificar seus apelos pela libertação de reféns israelenses e considerar a imposição de novas sanções contra o grupo. A lentidão percebida em agir contra a agressividade da ofensiva israelense tem gerado críticas internas, especialmente entre a base eleitoral muçulmana do partido, refletindo assim um crescente descontentamento com a postura adotada frente a um tema tão delicado e polarizador.

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