Com a maioria das 11 perguntas feitas aos eleitores se concentrando no reforço das medidas de segurança, as propostas apresentadas incluem a mobilização do Exército equatoriano na luta contra as gangues, a flexibilização das barreiras para a extradição de criminosos acusados e o aumento das penas de prisão para traficantes de drogas condenados.
O Equador, que historicamente era um dos países mais pacíficos da América do Sul, tem enfrentado um aumento na violência nos últimos anos, em grande parte devido à influência da vizinha Colômbia, considerada o maior produtor mundial de cocaína. No ano passado, a taxa de homicídios no país subiu para 40 mortes por 100 mil habitantes, tornando-se uma das mais altas na região.
O presidente equatoriano, Daniel Noboa, conquistou apoio popular ao confrontar o narcotráfico, uma tarefa que se tornou ainda mais urgente após a morte do candidato Fernando Villavicencio durante a campanha eleitoral de agosto do ano passado.
Em janeiro, a crise se agravou quando narcotraficantes aterrorizaram os equatorianos e assumiram o controle de uma emissora de televisão enquanto esta estava no ar, em uma demonstração de força sem precedentes. Em resposta, o presidente decretou um “conflito armado interno” no país e mobilizou o exército para combater as cerca de 20 gangues classificadas como “terroristas”.
O referendo atual procura ampliar esses poderes e garantir uma base jurídica mais sólida para as ações do governo. Além disso, Noboa busca fortalecer sua posição politicamente, visando concorrer à reeleição no próximo ano. Com uma abordagem linha dura que vem sendo respaldada nas pesquisas, o presidente equatoriano tem sido avaliado positivamente por 62% dos equatorianos, de acordo com a CB Consultora.
Após vencer as eleições no ano passado para um mandato tampão até maio de 2025, após a renúncia do ex-presidente Guillermo Lasso em meio a investigações por corrupção, Noboa se consolida como uma das principais lideranças da América do Sul, liderando o ranking de avaliação ao lado de figuras como o uruguaio Luis Lacalle Pou e o argentino Javier Milei. Com a aprovação de 50% dos brasileiros, Noboa demonstra um apoio significativo em seu país e na região como um todo.
Em meio a um cenário de violência e desafios impostos pelo narcotráfico, o Equador se vê diante de um referendo que poderá determinar os rumos futuros do combate ao crime organizado e à crescente insegurança no país. Os resultados deste plebiscito certamente terão impacto não só para os equatorianos, mas para toda a região.