O movimento dos rebeldes acontece após um período breve de cessar-fogo uniliteral anunciado pela Aliança do Rio Congo, que congrega diferentes grupos rebeldes, entre os quais se destaca o M23. A situação de segurança na RDC se deteriorou nas últimas semanas, levando o presidente Félix Tshisekedi a cancelar sua participação na próxima cúpula da União Africana, que será realizada na Etiópia. Em suas declarações, Tshisekedi denunciou a interferência da Ruanda, acusando o país vizinho de fomentar a instabilidade e de ter ambições expansionistas na região.
O conflito atual já provocou reações de índole regional. O Burundi, por exemplo, fechou suas fronteiras com a RDC devido ao aumento do número de refugiados que buscam escapar da violência. Além disso, forças burundinesas têm colaborado com as tropas congolese na luta contra os rebeldes.
Em um contexto mais amplo, o secretário-geral da ONU, António Guterres, fez um apelo à contenção entre as partes envolvidas, enfatizando a necessidade de respeitar a integridade territorial da RDC para evitar que a crise se transforme em um conflito regional exacerbado. A diplomacia se mostra crucial, e Moussa Faki Mahamat, presidente da Comissão da União Africana, destacou que soluções exclusivamente militares não resolverão a crise, reiterando a importância do acordo de cessar-fogo estabelecido em agosto de 2024.
A situação é complexa e, enquanto novos conflitos e deslocamentos de civis aumentam a pressão humanitária, a RDC também buscou accountability em nível internacional através do Tribunal Africano de Direitos Humanos, acusando Ruanda de violações de direitos humanos em Kivu do Norte, um caso inédito em que um estado está processando outro em um tribunal dessa natureza. A instabilidade persiste, e o futuro da região depende cada vez mais de um diálogo eficaz e de soluções diplomáticas.