Ramaphosa afirma que África do Sul não será intimidada por Trump e condena congelamento de ajuda dos EUA em discurso sobre o estado da nação.



No último discurso sobre o estado da nação, o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, lançou um forte apelo contra a pressão externa, sem nomear diretamente Donald Trump, mas deixando evidente seu alvo. A tensão política se intensificou após a decisão do presidente dos Estados Unidos de congelar a ajuda financeira destinada à África do Sul, uma ação que muitos veem como uma tentativa de intimidar o país em meio a suas políticas internas e externas.

Recentemente, Trump disparou críticas incisivas à liderança sul-africana, alegando que o país estava confiscando terras e tratando certas populações de maneira inaceitável. Essas declarações foram acompanhadas pela suspensão de bilhões em ajuda, afetando diretamente programas que atendem a milhões de sul-africanos, especialmente aqueles que lidam com problemas sérios de saúde, como HIV e tuberculose. Ramaphosa, ao se pronunciar, enfatizou que a África do Sul não se deixará abater por pressões externas, reafirmando a soberania do país em suas decisões políticas e sociais.

A resposta do governo sul-africano também deve levar em conta a crítica interna, especialmente a insatisfação entre os brancos sul-africanos em relação às leis de expropriação de terras. Muitos veem essas normas como uma forma de enriquecimento de uma elite negra restrita, enquanto o governo defende a necessidade de corrigir as desigualdades herdadas do apartheid. Apesar de uma minoria branca controlando uma grande proporção das terras, a narrativa de que eles estariam sendo perseguidos tem sido amplamente contestada por historiadores e analistas.

Além disso, a política externa sul-africana tem sido objeto de escrutínio, especialmente após a recente interação com o Hamas e a relação amigável com a Rússia, que contrastam com a pressão ocidental para apoiar a Ucrânia. Isso cria uma imagem de ambiguidade na postura da África do Sul em um cenário geopolítico complexo. A omissão de apoio a Kiev, ao mesmo tempo que se mantém diálogo com Moscou, reflete a tentativa do governo de equilibrar suas alianças internacionais.

Com a possibilidade de mais medidas punitivas por parte dos EUA, a África do Sul enfrenta um desafio considerável. A falta de apoio, como a ausência de representantes em cúpulas internacionais, pode impactar severamente setores chave da economia do país, como a indústria automobilística e agrícola. Ramaphosa sabe que será fundamental não apenas resistir às pressões internacionais, mas também navegar cuidadosamente as águas internas, tentando manter a coesão social e econômica em um momento tão tumultuado.

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