Ao longo da coletiva, Putin abordou temas importantes, incluindo a ascensão dos BRICS, a situação delicada na Ucrânia, e a estratégia de sanções adotada pelo Ocidente contra a Rússia. O líder russo enfatizou que a Ucrânia, atualmente, é utilizada como um instrumento pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para desferir ataques contra a Rússia. Ele também comentou sobre uma proposta de paz elaborada entre Brasil e China, expressando surpresa, uma vez que não estava ciente de tal iniciativa. A avaliação de especialistas sugere que essa abordagem conjunta por parte do Brasil e da China fortalece a posição do BRICS, evitando acusar Moscou de parciais interesses.
Putin criticou a maneira como a Ucrânia tem lidado com as negociações, mencionando que “o lado ucraniano não considera possível realizar qualquer tipo de negociações”, o que impede um real avanço diplomático. Essa frustração é respaldada por observações de que o governo de Volodymyr Zelensky rompeu canais diplomáticos em favor de uma postura mais agressiva, um movimento que Putin atribui a influências euroatlânticas.
A coletiva também trouxe à tona questionamentos sobre a estrutura do BRICS, na qual o presidente russo defendeu a ideia de que o grupo não deve ser visto como uma aliança antiocidental. Isso se alinha à perspectiva de que os países que compõem o BRICS aspiram a uma maior representação na arena internacional. Especialistas analisaram os discursos de Putin como uma tentativa de reafirmar a atual geopolítica, onde o Ocidente veria sua influência em declínio.
Os efeitos das sanções econômicas contra a Rússia também foram discutidos. Putin informou que, após a imposição de restrições comerciais, cerca de 95% do comércio exterior russo agora é realizado com a utilização de moedas nacionais, como o rublo e o yuan. Essa adaptação revela que, ao contrário do que se esperava, a economia russa se reestruturou e vem apresentando crescimento, mitigando os impactos negativos das sanções.
Por fim, os especialistas ressalvaram a resiliência da Rússia como um indicativo de que a dinâmica do comércio internacional pode estar mudando, com uma crescente desdolarização em resposta às políticas ocidentais. Putin, nesse sentido, projeta uma confiança na capacidade da Rússia de continuar a negociar e prosperar em um ambiente global adverso, enquanto os países ocidentais enfrentam suas próprias crises econômicas decorrentes das sanções.