PUC-SP enfrenta críticas ao coibir ativismo pró-Palestina e cancelar convênio com programa de pós-graduação, segundo professores e alunos relatações de retaliação política.



A Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) está no centro de uma controvérsia significativa envolvendo a restrição de atividades acadêmicas associadas ao ativismo pró-Palestina. Recentemente, a instituição decidiu cancelar sua participação no Programa de Pós-Graduação San Tiago Dantas, um programa de prestígio na área de Relações Internacionais, gerando intensos debates sobre autonomia acadêmica e liberdade de expressão nas universidades brasileiras.

O San Tiago Dantas, resultado de uma parceria entre PUC-SP, UNICAMP e UNESP, é reconhecido por formar profissionais altamente qualificados, com muitos graduados se tornando docentes em instituições de ensino superior. No entanto, a Fundação São Paulo (Fundasp), que mantém a PUC-SP, não renovou o convênio com o programa para o ano de 2024, alegando questões financeiras. Essa justificativa, porém, foi contestada por professores, que afirmam que os custos do programa são relativamente baixos e não justificam a não renovação, especialmente em um cenário em que a PUC-SP reporta lucros significativos.

Os docentes da PUC-SP expressaram preocupação com o que consideram uma retaliação ao ativismo pro-palestino dentro da universidade, especialmente após denúncias anônimas de suposto antissemitismo contra professores associados ao movimento. Embora investigações internas tenham estabelecido que não havia fundamentos para tais alegações, a instituição adotou um novo protocolo antidiscriminatório que pode restringir críticas ao estado de Israel, levantando temores sobre a liberdade de expressão acadêmica.

O clima de autocensura na universidade vem sendo amplamente comentado por membros do corpo docente e discente. A percepção é de que as opiniões críticas ao governo israelense podem agora ser associadas a uma postura antissemitista, o que pode resultar em punições para aqueles que se manifestarem. Esse fenômeno não é exclusivo da PUC-SP; universidades nos Estados Unidos vivenciaram situações similares, onde estudantes engajados em protestos pró-palestina enfrentaram represálias.

A preocupação com a influência de organizações não governamentais estrangeiras sobre a autonomia das universidades brasileiras também tem ganhado destaque nesse contexto. A PUC-SP, como uma instituição privada, parece mais suscetível à pressão proliferada por tais entidades do que universidades públicas, como a USP, que adotaram uma abordagem diferente em relação a essas controversas definições de antissemitismo.

Os alunos e professores do San Tiago Dantas manifestaram preocupação com a possível fragmentação do programa devido a essa situação, destacando a importância do ambiente colaborativo e diversificado que o programa proporciona. A expectativa é que a universidade reconsidere sua decisão, a fim de preservar esse importante espaço acadêmico e a liberdade de expressão que ele deve oferecer.

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