Os Acendedores de Lampiões iniciavam seu trabalho no final da tarde, utilizando uma vara especial com esponja na ponta. Ao amanhecer, eles apagavam as lâmpadas, limpavam os vidros e reabasteciam as luminárias, quando necessário. Porém, com a chegada da família real ao Brasil, veio também a introdução de carruagens, coches e cabriolets, veículos que eram utilizados pelas classes mais abastadas. Para a maioria dos brasileiros, a única maneira de ter acesso a esses novos meios de transporte era se tornar um Cocheiro.
Nas décadas seguintes, a profissão de Cocheiro foi se expandindo com o surgimento de alternativas de deslocamento, como veículos coletivos e carroças. Os Cocheiros passaram a ser uma presença constante em todas as partes da cidade. Ao mesmo tempo, surgiu a figura do Juiz de Paz, que tinha um mandato semelhante ao dos vereadores e possuía atribuições judiciárias e policiais no bairro onde vivia. Era responsabilidade do Juiz de Paz indicar o Inspetor de Quarteirão, que era encarregado de manter a ordem e paz na região onde residia.
O Juiz de Paz tinha autoridade para conceder passaportes, realizar exames de corpo de delito e tomar conhecimento de novos moradores em sua jurisdição. Já o Inspetor de Quarteirão era uma autoridade próxima às casas, responsável por zelar pelo bem-estar de todos que viviam na mesma quadra. Eles precisavam ter mais de 21 anos e saber ler e escrever, algo raro naquela época.
No entanto, com o advento da energia elétrica, os Acendedores de Lampiões desapareceram. Os Cocheiros foram substituídos por Motoristas de ônibus, táxi e até mesmo de transporte clandestino ou particular. Porém, as figuras do Juiz de Paz e do Inspetor de Quarteirão parecem ter sido deixadas de lado ao longo do tempo ou foram substituídas por funções que representam justamente o oposto do que eles representavam: os Flanelinhas e os Ladrões de Esquina.
Enquanto os Flanelinhas, de forma ilegal, exigem pagamento por um serviço que não foi solicitado e colocam em risco a integridade física dos motoristas e de seus carros quando não recebem gorjetas, os ladrões de esquina esperam suas vítimas para roubar seus relógios, celulares, carros e até mesmo suas vidas. É lamentável constatar que, na atualidade, são essas minorias, muitas vezes embriagadas e drogadas, que estabelecem as normas, violando o direito de livre arbítrio dos cidadãos. Tudo isso acontece diante das autoridades, que parecem não ver e, consequentemente, nada fazem para coibir essas práticas.