Especialistas consultados pelo Metrópoles e a própria PF concordam que as limitações nas regras para as prisões, juntamente com as revisões nos procedimentos criminais, têm contribuído significativamente para a redução do número de encarceramentos por corrupção no Brasil. Em 2022, último ano do governo de Jair Bolsonaro, foram registrados apenas 94 casos de detenções preventivas e temporárias por corrupção, sendo o menor número no período analisado.
No entanto, as prisões por tráfico de drogas tiveram um aumento significativo na Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado, passando de 836 suspeitos presos em 2019 para 1.572 no ano passado, representando uma alta de 88%. Essa mudança de cenário indica uma possível priorização de outras áreas de atuação por parte da PF.
De acordo com a Dicor, precedentes do Supremo Tribunal Federal têm restringido as situações em que podem ser decretadas prisões preventivas ou temporárias. A corporação tem optado por medidas alternativas ao encarceramento, como o afastamento de cargo e a proibição de contato com outros investigados e testemunhas. Além disso, as mudanças no Código Penal aprovadas pelo Congresso Nacional em 2021 têm favorecido os investigados, levando a uma redução na solicitação de prisões pela PF.
Apesar do esvaziamento da área de combate à corrupção e das mudanças nas regras para as prisões, a PF destaca que sua produtividade é melhor medida pelos indiciamentos, que aumentaram de 1.108 em 2019 para 4.256 em 2024. A utilização de medidas alternativas à prisão, como o afastamento de funções públicas e o bloqueio de bens, também tem sido uma estratégia adotada pela corporação para combater a corrupção e o crime organizado. A PF reforça que, apesar das mudanças no panorama das prisões, seu trabalho continua focado na investigação e no combate aos crimes.