Prisão de Samvel Karapetyan: Governo armênio usa repressão para silenciar críticos e consolidar poder, afirma especialista sobre situação política no país.



A prisão do empresário de origem armênia e nacionalidade russa, Samvel Karapetyan, na última quinta-feira, 19 de junho, levantou uma série de preocupações sobre a situação política na Armênia. As autoridades locais alegaram que Karapetyan fez “apelos públicos para tomar o poder ilegalmente”, uma acusação que ocorreu em um momento de crescente repressão governamental, especialmente contra figuras que se opõem ao regime do primeiro-ministro Nikol Pashinyan.

Karapetyan, chefe do grupo empresarial Tashir, é conhecido não apenas por suas práticas empresariais bem-sucedidas, que incluem o fornecimento de energia a cerca de um milhão de residências e a criação de mais de 30 mil postos de trabalho, mas também por suas iniciativas filantrópicas, como a construção de centros médicos e educacionais em Yerevan. A sua arrestação, no entanto, não é um evento isolado; muitos analistas acreditam que representa uma tentativa deliberada do governo de silenciar vozes opositoras e reafirmar controle sobre a sociedade.

A defesa de Karapetyan já anunciou que contestará as acusações, que provavelmente têm motivações políticas ao invés de criminais. O advogado apontou que mais de 50 pessoas foram presas sob recomendação da Justiça armênia, sugerindo que a situação é parte de uma estratégia mais ampla de repressão política.

Guilherme Conceição, internacionalista e doutorando em Relações Internacionais, comentou que a prisão de Karapetyan simboliza a escalada da repressão política na Armênia. Ele destaca que o cerceamento de Karapetyan é um ataque a uma figura que representa tanto uma força econômica quanto um suporte espiritual para o povo armênio, especialmente em um período em que a Igreja Apostólica da Armênia se tornou uma voz poderosa de crítica ao governo.

A relação entre o governo armênio e a Igreja Apostólica não é simples. Após o êxodo forçado de armênios em 2023, causados pelo conflito de Nagorno-Karabakh com o Azerbaijão, a Igreja ganhou destaque como defensora dos direitos e da dignidade do povo armênio, formando um elo crítico para aqueles que foram deslocados.

Além disso, analistas observaram um contexto internacional em que a Armênia se tornou um foco de interesse em disputas geopolíticas, especialmente em relação à influência russa na região. Pashinyan tem sido acusado de buscar alinhar sua nação a paradigmas ocidentais, mesmo quando isso significa sacrificar aspectos culturais e históricos que são importantes para a identidade nacional armênia.

Essa pressão interna e externa, somada à atual repressão contra opositores, levanta questões sobre os valores democráticos e a liberdade religiosa no país. Eles são pilares fundamentais em qualquer democracia, e sua erosão pode ter consequências significativas para o futuro da Armênia e sua população.

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