A expectativa é de que a supersafra brasileira de grãos, estimada em 322,42 milhões de toneladas pelo mais recente levantamento da Conab, juntamente com o menor crescimento econômico global, resulte em uma queda nas cotações destes produtos. Por outro lado, as carnes devem ter um aumento de mais de dois dígitos nos preços, devido à oferta restrita e demanda aquecida.
Já para as commodities softs, como açúcar e café, os analistas projetam uma sustentação nos preços. Um fator comum entre as commodities é o impacto do fortalecimento do dólar, que afeta a competitividade das exportações brasileiras e o equilíbrio dos preços internos.
No caso específico da soja e do milho, principais produtos agrícolas do Brasil, a previsão é de uma queda nos preços domésticos, porém em menor intensidade do que a observada nos anos anteriores. A analista da Tendências Consultoria, Gabriela Faria, aponta que a reação recente dos preços dos grãos foi reflexo das incertezas em relação ao plantio devido à seca histórica no Brasil, mas que essa tendência não deve se estender ao longo do ano. A expectativa é de uma safra recorde para a soja e uma boa safra para o milho, o que deve resultar em preços mais baixos.
No entanto, a desaceleração da economia chinesa e o cenário global de estoques elevados e safra recorde nos Estados Unidos podem afetar a demanda por grãos. Os analistas não preveem uma baixa generalizada nos preços, mas também não veem sinais de alta, sendo o câmbio e possíveis conflitos comerciais fatores que podem direcionar os preços dos grãos brasileiros.
Na pecuária, a tendência é de preços mais altos, impulsionados pela demanda interna e externa aquecida e pela oferta restrita. Os analistas projetam que os preços da carne bovina podem subir mais de dois dígitos, com a retenção de fêmeas ganhando tração e a expectativa de uma virada de ciclo para 2026. Os preços da carne de frango e suína também devem se beneficiar desta alta.
Em relação ao açúcar e café, a expectativa é de preços firmes devido à restrição na oferta. A bienalidade negativa do café e os efeitos climáticos adversos nas lavouras devem contribuir para uma menor produção e consequente aumento nos preços destas commodities.
No geral, a análise dos analistas aponta para um cenário de preços mistos no mercado agrícola, com fatores como o dólar, demanda global e condições climáticas influenciando as cotações ao longo do ano.