Recentemente, João Jorge Rodrigues, presidente da Fundação Palmares, participou do podcast “Jabuticaba Sem Caroço” e abordou a importância de se superar os resquícios de uma história marcada pela escravidão e racismo. Ele enfatizou que o Brasil, com uma população negra que representa aproximadamente 56% dos seus habitantes – cerca de 102 milhões de pessoas, a segunda maior população negra do mundo, apenas atrás da Nigéria – tem uma dívida histórica a saldar. Segundo Rodrigues, os efeitos da escravidão e a ausência de políticas públicas efetivas após a abolição em 1888 resultaram em profundas desigualdades sociais, levando a um ciclo de pobreza e marginalização.
Rodrigues argumentou que a “consciência negra é uma consciência da humanidade”, sublinhando a necessidade de reconhecer a igualdade entre todos os seres humanos independentemente da cor da pele ou origem. Ele também comparou a caminhada brasileira em busca de igualdade à experiência da África do Sul após o apartheid, sugerindo que o país precisa de um movimento de reconciliação que una seus diversos povos.
Quando assumiu a presidência da Fundação Palmares em 2023, Rodrigues encontrou uma instituição combalida, sendo necessário um esforço considerável para revitalizá-la. Ele descreveu esse processo como um “renascimento” e destacou a importância de criar um ambiente de fraternidade e respeito dentro da fundação, um espaço que transborda humanidade, contrário à imagem negativa que instituições públicas podem ter.
Rodrigues vislumbra um futuro mais equitativo para o Brasil e ressalta que a Fundação Palmares está alinhada com um plano mais amplo para 2030, projetando ações para as próximas décadas. Ele acredita que a superação do legado histórico da escravidão e o fortalecimento da cultura afro-brasileira são fundamentais para a construção de um país mais justo e igualitário, e que essa evolução deve ser acompanhada de políticas adequadas e inclusivas.