Presidente da Fundação Palmares clama por reconciliação racial no Brasil e critica legado histórico de desigualdade social e falta de políticas públicas.

No dia 20 de novembro, o Brasil celebra o Dia da Consciência Negra, uma data que reverencia a memória de Zumbi dos Palmares, ícone da luta contra a escravidão no país. Zumbi simboliza não apenas a resistência dos negros, mas também a necessidade de refletir sobre a jornada em busca de igualdade e direitos por parte da população negra. Essa luta é constantemente apoiada pela Fundação Cultural Palmares, que desde sua criação em 1988 se dedica à promoção e preservação da cultura afro-brasileira no Brasil.

Recentemente, João Jorge Rodrigues, presidente da Fundação Palmares, participou do podcast “Jabuticaba Sem Caroço” e abordou a importância de se superar os resquícios de uma história marcada pela escravidão e racismo. Ele enfatizou que o Brasil, com uma população negra que representa aproximadamente 56% dos seus habitantes – cerca de 102 milhões de pessoas, a segunda maior população negra do mundo, apenas atrás da Nigéria – tem uma dívida histórica a saldar. Segundo Rodrigues, os efeitos da escravidão e a ausência de políticas públicas efetivas após a abolição em 1888 resultaram em profundas desigualdades sociais, levando a um ciclo de pobreza e marginalização.

Rodrigues argumentou que a “consciência negra é uma consciência da humanidade”, sublinhando a necessidade de reconhecer a igualdade entre todos os seres humanos independentemente da cor da pele ou origem. Ele também comparou a caminhada brasileira em busca de igualdade à experiência da África do Sul após o apartheid, sugerindo que o país precisa de um movimento de reconciliação que una seus diversos povos.

Quando assumiu a presidência da Fundação Palmares em 2023, Rodrigues encontrou uma instituição combalida, sendo necessário um esforço considerável para revitalizá-la. Ele descreveu esse processo como um “renascimento” e destacou a importância de criar um ambiente de fraternidade e respeito dentro da fundação, um espaço que transborda humanidade, contrário à imagem negativa que instituições públicas podem ter.

Rodrigues vislumbra um futuro mais equitativo para o Brasil e ressalta que a Fundação Palmares está alinhada com um plano mais amplo para 2030, projetando ações para as próximas décadas. Ele acredita que a superação do legado histórico da escravidão e o fortalecimento da cultura afro-brasileira são fundamentais para a construção de um país mais justo e igualitário, e que essa evolução deve ser acompanhada de políticas adequadas e inclusivas.

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