O quadro, pintado em 1962, retrata mulheres de ascendência africana, representando uma das bases da sociedade e cultura brasileiras. Avaliada em aproximadamente R$ 8 milhões, a obra possui dimensões impressionantes de 3,5 metros de largura por 1,2 metro de altura. Durante a invasão do Palácio do Planalto, extremistas rasgaram a pintura em sete pontos distintos, danificando-a profundamente.
Após o ato de vandalismo, uma equipe da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) foi responsável pelo minucioso trabalho de recuperação da obra. Os rasgos foram cuidadosamente disfarçados na parte frontal da tela, utilizando técnicas que reproduzem as pinceladas originais do artista. No entanto, os rasgos foram mantidos visíveis na parte de trás da tela como uma forma de lembrar a violência sofrida pela obra.
Durante a cerimônia, o presidente Lula recebeu réplicas da tela de Di Cavalcanti feitas por estudantes da rede pública de ensino do Distrito Federal, como parte de um projeto de educação patrimonial. Ao todo, 21 obras vandalizadas durante a invasão foram oficialmente recuperadas e reintegradas ao patrimônio.
O processo de restauração das obras foi realizado através de uma parceria entre o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Uma estrutura laboratorial de restauração foi montada no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República, para viabilizar a recuperação das peças vandalizadas, com um investimento de R$ 2,2 milhões realizado pelo Iphan.
A cerimônia desta quarta-feira marcou não apenas a recuperação das obras, mas também a importância da preservação do patrimônio histórico e artístico do país, ressaltando a resistência e a superação diante dos atos de vandalismo que tentaram silenciar a democracia.