Segundo Clara Wardi, o Congresso, majoritariamente conservador, enviou um péssimo recado à sociedade em relação aos direitos das mulheres e, principalmente, das mulheres negras. Ela acredita que a PEC é um exemplo de violência política institucional contra esses grupos, expondo as dificuldades que os partidos enfrentam para impulsionar candidaturas femininas e negras.
A pesquisadora lamentou a facilidade com que a PEC foi aprovada e destacou que não é a primeira vez que uma anistia desse tipo ocorre. Ela citou outras leis e propostas que isentaram os partidos do compromisso com candidaturas femininas, criticando a postura da Câmara dos Deputados e do Senado, que, segundo ela, deveriam representar a população.
Clara Wardi vê na aprovação da PEC um reflexo da misoginia e do racismo enraizados nos representantes da Câmara e do Senado. Ela descreve o desafio que movimentos sociais enfrentarão para tentar reverter o resultado no Senado, já que há uma disposição majoritária dos partidos para a aprovação da proposta.
A pesquisadora avalia que a resistência contrária à PEC virá de movimentos sociais ligados às mulheres feministas e à população negra e destaca a importância da sociedade civil em defender a democracia. Ela menciona a forte articulação partidária em apoio à PEC e ressalta a dificuldade enfrentada pelos movimentos sociais nessa disputa.
Por fim, Clara Wardi contextualiza a aprovação da PEC como parte de um cenário de ofensivas contra os direitos das mulheres, citando o exemplo do projeto de lei 1904, que equiparava o aborto ao homicídio. O desafio agora está em como a sociedade e os grupos ativistas vão lidar com essa decisão e continuar sua luta pelos direitos e representatividade das mulheres e dos negros na política.