Lula mencionou que tem monitorado de perto o processo eleitoral venezuelano, através de seu assessor especial Celso Amorim, que foi enviado a Caracas na semana anterior. Amorim, representando o interesse brasileiro na busca pela normalização política do país vizinho, esteve em contato tanto com o presidente Nicolás Maduro, que busca a reeleição, quanto com Edmundo González Urrutia, representante da oposição. Na conversa com Biden, Lula reafirmou a disposição do Brasil em continuar trabalhando pela estabilização política na Venezuela, algo que poderia ter efeitos benéficos para toda a América Latina. O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, também esteve presente durante a reunião.
No contexto venezuelano, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ainda não tornou públicas as atas que validariam o resultado eleitoral, proclamado com 51,21% dos votos a favor de Maduro, em contraponto aos 44% obtidos por González. Esse atraso na divulgação das atas gerou questionamentos entre diversos atores políticos, países, e organizações como a Organização dos Estados Americanos (OEA), que demandam a publicação das atas para permitir uma auditoria adequada dos votos.
Nicolás Maduro e aliados do seu governo acusam setores da oposição e alguns governos estrangeiros de tentar promover um golpe de Estado contra o resultado eleitoral. Em resposta à situação tensa no país, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil informou estar atento à publicação dos “dados desagregados por mesa de votação”, considerados essenciais para garantir a transparência e legitimidade do resultado.
Nesta terça-feira, houve uma escalada de violência com ataques e vandalizações direcionados a sedes do CNE, monumentos públicos e edifícios como prefeituras e sedes do PSUV, o partido governista venezuelano. O Itamaraty emitiu um alerta consular aconselhando os brasileiros residentes na Venezuela ou aqueles com viagem marcada para o país a se manterem informados e evitarem aglomerações.
Simultaneamente, a Casa Branca emitiu um comunicado reafirmando o pedido para que as autoridades eleitorais venezuelanas publiquem resultados eleitorais que sejam “completos, transparentes e detalhados”. O governo dos Estados Unidos expressou preocupação de que os resultados anunciados até o momento pelo CNE não refletem fielmente a vontade do povo venezuelano.
Durante a conversa entre Lula e Biden, que teve duração de aproximadamente meia hora, o líder norte-americano confirmou sua presença na próxima Cúpula do G20, agendada para novembro no Rio de Janeiro. Biden também manifestou desejo de continuar fortalecendo a parceria entre Brasil e Estados Unidos. Lula, por sua vez, convidou Biden para participar da reunião das nações democráticas contra o extremismo, programada para ocorrer em setembro, em Nova York, à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU).
Além disso, Lula parabenizou Biden por sua decisão de não se candidatar à reeleição nos Estados Unidos, desejando sucesso à democracia americana nas próximas eleições presidenciais.
Esta série de interações diplomáticas sublinha a importância da cooperação internacional e da manutenção dos princípios democráticos em um momento particularmente tenso na América Latina.