POLÍTICA – Ipea Lança Documento com Mais de 180 Iniciativas do Brics para Atração de Novos Membros e Fortalecimento da Governança Global



Na última quinta-feira, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apresentou um documento abrangente que reúne as iniciativas implementadas pelos países-membros do Brics desde a sua fundação em 2009. Com mais de 180 mecanismos de cooperação, o material busca fortalecer a governança e servir como um referencial para novos integrantes do bloco.

A divulgação ocorreu durante o segundo dia do 17º Fórum Acadêmico do Brics (Fabrics), realizado na sede do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) em Brasília. Walter Desiderá, técnico de planejamento e pesquisa do Ipea, enfatizou que o portfólio documenta as atividades e resultados do Brics, apresentando um histórico dos mecanismos que tiveram sucesso e engajamento entre os países participantes. Para a presidenta do Ipea, Luciana Santos Servo, a entrega do documento representa um marco simbólico e destaca que a documentação continuará evoluindo, servindo como uma base de dados para os mecanismos propostos e implementados no futuro.

O Fabrics promoveu intensos debates sobre assuntos de relevância global sob a presidência brasileira do Brics. Com a participação de representantes de think tanks de nove nações, os discussões giraram em torno de seis eixos prioritários: saúde global, inteligência artificial, mudanças climáticas, comércio e finanças, reforma da governança internacional e desenvolvimento institucional.

Um tema central foi a questão das mudanças climáticas, especialmente os impactos desproporcionais que afetam os países em desenvolvimento, como os da região da África Subsaariana. Durante o fórum, foram abordadas a justiça climática e as desigualdades regionais, além de recomendações para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), agendada para novembro em Belém. Mulugeta Getu, pesquisador e coordenador do Policy Studies Institute da Etiópia, ressaltou a importância de projetos sustentáveis financiados pelo New Development Bank.

Outro ponto relevante foi a arquitetura de segurança internacional, especialmente em meio aos conflitos recentes no Oriente Médio. Os debatedores concordaram que há uma necessidade urgente de reformar o sistema multilateral, especialmente o Conselho de Segurança da ONU, para fortalecer o Sul Global. A manutenção da paz e a criação de mecanismos de confiança foram destacadas como essenciais para a visão do bloco.

Os participantes do fórum também celebraram a recente expansão do Brics, que em 2024 contará com a adesão de seis novos países: Arábia Saudita, Argentina, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã. No entanto, alertaram para os desafios que surgem ao tentar ampliar os mecanismos de cooperação. Propuseram a criação de modelos institucionais mais claros, uma estrutura de monitoramento de resultados e a necessidade de um escritório permanente do grupo.

Por fim, Haimanot Guangul, pesquisador sênior no Institute of Foreign Affairs da Etiópia, sublinhou a importância de uma cooperação estratégica para o desenvolvimento institucional do Brics, sugerindo que é fundamental organizar e definir escolhas claras para o futuro do bloco e avaliar as reformas necessárias.

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