Durante seu depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Atos Golpistas (CPMI), que investiga os atos de vandalismo ocorridos no dia 8 de janeiro, Dias explicou que recebeu informações contraditórias na manhã daquele dia, o que o levou a tomar a decisão de ir pessoalmente conferir a situação no Palácio do Planalto.
No entanto, o ex-ministro afirmou que teria adotado medidas de segurança mais rigorosas se tivesse informações mais precisas. Ele admitiu que, olhando para trás, teria tomado algumas decisões de forma diferente.
Dias revelou que Saulo Cunha, então diretor adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), o alertou sobre a possibilidade de intensificação das manifestações naquela manhã. Por outro lado, a coronel da Polícia Militar do Distrito Federal Cíntia Queiroz de Castro informou que estava tudo calmo.
Apesar das informações contraditórias, o general ligou para o general Carlos Penteado, então secretário-executivo do GSI, que o tranquilizou, afirmando que a situação estava sob controle. Mesmo assim, Gonçalves Dias decidiu ir até o Palácio do Planalto.
Dias admitiu que não imaginava que haveria invasão dos prédios, uma vez que em reuniões prévias com a Secretaria de Segurança do Distrito Federal havia sido definido que não seria permitido o acesso de pessoas e veículos à Praça dos Três Poderes. A Secretaria de Segurança Pública do DF assegurava que tudo estava sob controle e que ações especiais não eram necessárias.
No entanto, ao chegar ao Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro, Dias afirmou à CPMI que testemunhou o último bloqueio da Polícia Militar sendo facilmente rompido antes que os vândalos chegassem ao Planalto. Segundo ele, isso só aconteceu porque o bloqueio da PM foi extremamente permeável.
O general Gonçalves Dias, que ocupava o cargo de ministro do GSI no dia 8 de janeiro, pediu demissão em 19 de abril, após a divulgação de imagens que mostravam ele e funcionários do gabinete circulando entre os vândalos durante a invasão ao Palácio do Planalto.