Em sua fala, Galleti destacou que as primeiras denúncias surgiram a partir de reclamações recebidas de associados do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi). Muitos aposentados relataram que, ao tentarem utilizar serviços da farmácia da entidade, descobriram que não eram mais sócios, tendo sido encaminhados para outras associações sem seu consentimento. Tonia se recordou de casos onde até diretores do sindicato foram alvos de manobras como essa, indicando a gravidade da situação.
Ela revelou que em junho de 2023 havia solicitado a inclusão da discussão sobre esses descontos na pauta de uma reunião do conselho, mas o tema não foi abordado. As estatísticas são preocupantes: segundo a Polícia Federal, entre 2019 e 2024, houve um aumento de 77 vezes em descontos associativos na folha de pagamento, saltando de 18.690 para impressionantes 1,4 milhão de associações ativas.
Ao solicitar que a situação fosse devidamente investigada, Galleti enfatizou a importância de que as entidades responsáveis pelas associações apresentassem documentação que comprovasse a legalidade de suas operações. Ela também se lembrou da presença do ex-ministro Carlos Luppi durante essas reuniões, afirmando que esforços foram feitos para responder às denúncias apresentadas.
O relator da CPMI, Alfredo Gaspar, questionou ainda sobre a rápida ascensão do Sindnapi em número de associados desde 2019, coincidentemente após uma colaboração com a corretora de seguros CMG, que levou à arrecadação de R$ 600 milhões. Gaspar apontou que, a partir de 2020, o sindicato começou a registrar um crescimento descontrolado nos filiados, levantando suspeitas sobre a legalidade dessas associações.
Em defesa do Sindnapi, Tonia alegou que o crescimento foi legítimo e planejado, destacando a dificuldade de associar novas pessoas de maneira honesta no setor. Ela também rebateu acusações relacionadas a pagamentos a familiares por serviços prestados ao sindicato, defendendo que todos os trabalhos realizados foram legítimos e dentro da legalidade.
Por fim, a ex-conselheira defendeu que a luta contra a corrupção não deve ser usada como pretexto para atacar honestos representantes do setor, enfatizando que as investigações corretas são essenciais, mas sem difamação. Além disso, um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal garantiu que Tonia não precisaria responder a perguntas que pudessem incriminá-la durante o depoimento.
A CPMI também deve ouvir o ex-presidente da Amar Brasil Clube de Benefícios, Felipe Macedo Gomes, acusado de estar diretamente ligado a um esquema de fraudes que movimentou mais de R$ 1,1 bilhão entre 2022 e 2024, evidenciando a profundidade da crise no sistema previdenciário.