A revelação veio à tona após o ministro Alexandre de Mores, do Supremo Tribunal Federal (STF), levantar o sigilo sobre a delação premiada de Cid. No dia seguinte, Bolsonaro, Cid e outras 32 pessoas foram denunciados pelo procurador-geral da República por tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito, entre outros crimes.
Segundo o relato de Cid à PF, após a derrota nas eleições, Bolsonaro passou a receber três grupos distintos no Palácio da Alvorada, sendo que um deles tinha interesse em incentivar um golpe de Estado. Esse grupo pressionava Bolsonaro a assinar um decreto para a intervenção militar na Justiça Eleitoral, incluindo a prisão de figuras importantes do cenário político nacional.
Uma minuta com teor semelhante foi encontrada pela PF na residência do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, após os atos golpistas de janeiro de 2023. Cid ainda mencionou que os mais radicais no círculo de Bolsonaro “romantizavam” o artigo 142 da Constituição como base para o golpe de Estado.
Além disso, Cid citou o ex-assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, Filipe Martins, como responsável por redigir a minuta do golpe. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro também teria sido uma das figuras mais engajadas na ideia de utilizar o apoio do povo e de grupos específicos para a concretização do golpe.
O tenente-coronel, em troca da delação premiada, solicitou o perdão judicial ou uma pena máxima de dois anos. O desfecho dessa complexa trama política ainda está nas mãos do STF, que deve decidir se aceita a denúncia e torna Bolsonaro, Cid e demais envolvidos réus no caso.