POLÍTICA – Deputados aprovam projeto que exclui silvicultura de lista de atividades poluidoras em meio à catástrofe ambiental no RS

Em meio à crise ambiental que assola o estado do Rio Grande do Sul, a Câmara dos Deputados aprovou por ampla maioria de 325 votos a favor e 128 contra, a urgência para um projeto de lei que pretende retirar a silvicultura da lista de atividades consideradas potencialmente poluidoras e consumidoras de recursos ambientais. Essa proposta altera a Política Nacional do Meio Ambiente, de 1981, e tem gerado controvérsias entre setores do agronegócio e ambientalistas.

A silvicultura engloba o cultivo de florestas plantadas com fins comerciais, como eucaliptos, pinus e mognos, sendo essencial para diversas indústrias como a de papel, celulose e madeira. O pedido de urgência aprovado possibilita que o tema seja discutido no plenário sem a necessidade de passar por comissões específicas da Casa.

Uma das principais polêmicas envolve a dispensa do licenciamento ambiental prévio para atividades ligadas à silvicultura. Segundo a lei em vigor, tais licenciamentos são exigidos para negócios que utilizam recursos ambientais e que podem ser potencialmente poluidores. Com a exclusão da silvicultura dessa lista, grandes plantações de culturas como eucalipto e pinus podem ficar isentas desse controle, o que preocupa organizações ambientalistas.

O consultor jurídico do Instituto Socioambiental (ISA), Mauricio Guetta, alerta para os possíveis impactos negativos que a silvicultura em larga escala pode trazer ao meio ambiente, incluindo desequilíbrio hídrico e perda da biodiversidade. Por outro lado, o Ministério do Meio Ambiente se posicionou contrário ao projeto, argumentando que enfraquecerá o sistema de gestão ambiental e aumentará os riscos ambientais, posição compartilhada pelo Ibama.

No entanto, o autor do projeto, o ex-senador Álvaro Dias, defende a silvicultura como uma atividade benéfica ao meio ambiente e argumenta que a inclusão dela no rol de atividades potencialmente poluidoras é desnecessária e prejudicial ao desenvolvimento do setor. A Indústria Brasileira de Árvores (IBA) também apoia a proposta, ressaltando a importância do setor para uma economia sustentável.

A discussão ganha ainda mais relevância considerando a situação ambiental crítica no Rio Grande do Sul, onde uma catástrofe ambiental tem causado danos significativos. Parlamentares se dividem entre críticas e apoios ao projeto, com deputados como Bacelar (PL-BA) considerando a medida um retrocesso, enquanto Evair Vieira de Mello (PP-ES) defende a silvicultura como uma atividade recuperadora de solo.

No plenário da Câmara, durante a votação, blocos partidários se posicionaram sobre a matéria, com o governo e partidos de oposição divergindo em relação ao projeto. Entender o impacto dessa decisão para o meio ambiente e para o desenvolvimento econômico sustentável do país é essencial para uma análise completa e aprofundada desse debate em curso no Congresso Nacional. Como a sociedade e os setores envolvidos reagirão a essa proposta polêmica é uma questão que merece atenção e acompanhamento por parte da população e da imprensa.

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