Os jogos online de apostas, que se tornaram uma importante fonte de financiamento para o futebol profissional, têm impactos diretos na economia das famílias brasileiras, reduzindo o consumo e afetando negativamente os setores do comércio. A CPI revelou que estima-se que, apenas no ano anterior, o volume financeiro movimentado pelas apostas alcançou cifras impressionantes entre R$ 89 bilhões e R$ 129 bilhões. Para efeito de comparação, o orçamento do Ministério da Educação para 2025 é de R$ 187,2 bilhões.
Diante dessa realidade, o relatório da CPI solicita uma série de medidas para regulamentar o setor de maneira mais rigorosa. Entre as propostas estão a criação de uma entidade nacional independente para supervisionar as apostas, a implementação de um cadastro nacional de jogadores, restrições à publicidade deste tipo de jogo e a responsabilização de influenciadores que promovem apostas de maneira enganosa.
O documento também destaca um aspecto preocupante: a facilidade com que jogos online totalmente virtuais permitem manipulações de resultados, devido à opacidade dos algoritmos usados. Soraya ressalta que tais jogos, que operam sem auditoria externa, facilitam não apenas fraudes, mas também a lavagem de dinheiro.
Além disso, a CPI aponta o impacto social devastador que essas práticas têm exercido nas classes mais baixas. Muitas pessoas estão desviando verbas que deveriam ser destinadas à alimentação e pagamento de contas básicas para financiar suas apostas, criando um ciclo vicioso que compromete sua subsistência. Estima-se que 5 milhões de beneficiários do Bolsa Família gastaram cerca de R$ 3 bilhões em apostas em 2024.
A relatora também destacou o papel controverso dos influenciadores digitais, muitos dos quais promovem apostas irresponsáveis, às vezes associando essa prática a uma forma de investimento. Essas promoções podem resultar em danos, especialmente para crianças e adolescentes, que são expostos a mensagens enganosas sobre o funcionamento desse mercado.
Por fim, a CPI defende a criação de uma Plataforma Nacional de Auditoria e Monitoramento de Jogos de Azar (PNAMJA), que seria essencial para assegurar a eficácia das futuras regulamentações e garantir uma maior responsabilidade social no que diz respeito às apostas. A comissão conclui que, apesar das recentes movimentações para regulamentar o setor, os desafios e os problemas gerados pelas apostas online continuam a ser alarmantes para a sociedade brasileira.