A pesquisa de opinião sobre percepção pública da ciência e tecnologia (C&T) revelou que a grande maioria dos brasileiros (95,4%) está ciente das mudanças climáticas em curso, demonstrando preocupação com o tema. Segundo os dados divulgados pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), apenas 3,5% da população afirmou não ter consciência sobre as mudanças, enquanto 1% não soube opinar ou optou por não responder.
Apesar do amplo conhecimento sobre o problema, não há consenso em relação às causas das mudanças climáticas. Enquanto 78,2% dos entrevistados atribuem as transformações climáticas à ação humana, 19,6% acreditam que as mudanças são naturais, sem interferência do homem. Essa divergência de opiniões revela a complexidade do debate sobre o tema e a necessidade de esclarecimento público.
Quanto à percepção da gravidade das mudanças, 60,5% dos entrevistados consideram as mudanças climáticas como um “grave perigo para as pessoas no Brasil”. No entanto, 26,9% enxergam os riscos como de porte “médio”, enquanto 11,8% acreditam que as mudanças não representam um perigo significativo. Essa diversidade de visões demonstra a importância de ampliar a conscientização e promover ações para mitigar os impactos das mudanças climáticas.
A pesquisa, realizada entre novembro e dezembro do ano passado, ouviu 1.931 pessoas com 16 anos ou mais em todas as regiões do país. Essa é a sexta edição do estudo sobre a percepção pública de C&T no Brasil, revelando um interesse constante dos brasileiros pelo tema, que se mantém em torno de 60,3% dos entrevistados. Embora o interesse pela ciência e tecnologia seja relevante, ainda há desafios em relação ao acesso ao conhecimento científico e à participação em atividades educativas.
A desigualdade no acesso ao conhecimento científico também foi observada, indicando a existência de “pessoas excluídas da ciência” ou “exilados da cidadania científica”, como aponta o professor Yurij Castelfranchi. Apesar dessas dificuldades, a maioria dos entrevistados defende o aumento ou a manutenção dos investimentos em pesquisa científica, demonstrando a relevância e a confiança na ciência como ferramenta para enfrentar os desafios do futuro.
Por fim, a pesquisa alerta para a disseminação de desinformação e notícias falsas, destacando a importância da checagem de informações e da busca por fontes confiáveis. A análise do conteúdo das reportagens sobre ciência em jornais e redes sociais também revelou a importância da comunicação científica para combater a desinformação e promover o conhecimento entre os brasileiros.