O presidente afirmou que a PEC das Bondades não tinha sido feita especificamente para as eleições, mas que era inevitável que o governo não ganhasse a simpatia do povo com ela. Ele ainda cravou que, apesar da aprovação da PEC, o governo não deveria esperar conquistar 70% dos votos, mas sim 49%. Bolsonaro criticou os institutos de pesquisa que, naquela época, apontavam o petista Luiz Inácio Lula da Silva como líder nas pesquisas de intenção de voto.
O encontro, datado de 5 de julho de 2022, foi gravado e agora faz parte das investigações em curso sobre a tentativa de golpe de Estado e a violação do estado democrático de direito. O vídeo já foi apresentado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) como uma das provas na Operação Tempus Veritatis, que foi deflagrada pela Polícia Federal na semana passada para investigar uma suposta organização criminosa que teria supostamente tentado realizar um golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023.
No vídeo, Bolsonaro também questionou a segurança das urnas eletrônicas e criticou o processo eleitoral brasileiro. Na época, as pesquisas do Datafolha apontavam que Lula liderava a corrida presidencial, com 41% das intenções de voto no primeiro turno e uma vantagem considerável em um segundo turno contra Bolsonaro.
Dois dias após a reunião, a comissão especial da Câmara dos Deputados aprovou o parecer de emenda constitucional que seria conhecida como PEC das Bondades. A proposta autorizava o governo federal a decretar estado de emergência para expandir o pagamento de benefícios sociais até o final de 2022, totalizando cerca de R$ 41,25 bilhões destinados a diversos programas sociais, incluindo o Auxílio Brasil, o vale-gás de cozinha, o programa Alimenta Brasil e auxílio financeiro para caminhoneiros e taxistas.
As declarações de Bolsonaro levantaram questionamentos sobre a legitimidade da PEC e sua utilização com finalidades eleitorais, abrindo espaço para amplas discussões sobre o envolvimento do governo em práticas questionáveis durante o período eleitoral. A revelação do conteúdo da reunião promete trazer ainda mais polêmica e controvérsia ao cenário político do país.