POLÍTICA – A Polícia Federal investigará o homicídio de um quilombola na Bahia, em um importante desdobramento para o caso.



A Polícia Federal da Bahia instaurou um inquérito para investigar o assassinato de Maria Bernadete Pacífico Moreira, líder quilombola, ocorrido na última quinta-feira (17) em sua residência no Quilombo Pitanga dos Palmares, no município de Simões Filho, na Bahia. A Superintendência da PF na Bahia informou que também está encarregada das investigações sobre o assassinato de seu filho, Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, conhecido como Binho do Quilombo, ocorrido há cerca de seis anos, em 19 de setembro de 2017.

Em comunicado, a PF afirmou que está empenhando todos os esforços para apurar a autoria dos homicídios, e as investigações estão sendo realizadas sob sigilo. O governo federal enviou uma equipe para acompanhar o desdobramento do caso, com representantes dos ministérios dos Direitos Humanos e da Igualdade Racial.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP) da Bahia, as informações preliminares indicam que dois homens, usando capacetes, invadiram a residência da vítima e efetuaram disparos com armas de fogo. A SSP solicita que qualquer denúncia relacionada ao caso seja feita de forma sigilosa para o telefone 181 (Disque denúncia da SSP).

Maria Bernadete também ocupava o cargo de coordenadora-executiva da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq). A Conaq vinha denunciando ameaças, perseguições e intimidações aos moradores do Quilombo Pitanga dos Palmares. Os membros da coordenação acreditam que a disputa por terras e recursos hídricos na região seja o motivo da violência contra as lideranças locais.

Um levantamento realizado pela Rede de Observatórios de Segurança, com o apoio das secretarias de segurança pública estaduais e divulgado em junho deste ano, apontou a Bahia como o segundo estado com o maior número de ocorrências de violência contra povos e comunidades tradicionais no Brasil. Ficando atrás apenas do estado do Pará, a Bahia registrou 428 vítimas de violência entre os anos de 2017 e 2022.

Este é um caso extremamente grave e que ressalta a importância de investigações minuciosas para apurar os responsáveis por esse assassinato que abalou a comunidade quilombola e toda a sociedade. A luta pela preservação e reconhecimento dos direitos das comunidades tradicionais é uma batalha constante, e é fundamental que o Estado assegure a proteção desses grupos, garantindo o acesso à terra e aos recursos naturais de forma sustentável e pacífica. A violência contra lideranças quilombolas configura uma violação dos direitos humanos e deve ser punida rigorosamente, para que casos como esse não se repitam. É imprescindível que as autoridades ajam de forma diligente e transparente para solucionar esse crime bárbaro e trazer justiça às vítimas.

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