O poeta ucraniano Ilya Kaminsky, nascido surdo oralizado em Odessa, revive por meio de sua poesia vidas e ambientes que desapareceram ao longo do tempo. Ele compartilhou a transformadora experiência de crescer na União Soviética sem o uso de aparelhos auditivos, tendo que aprender a ler os lábios para se comunicar. Esta vivência moldou sua perspectiva poética, transformando o silêncio em um poderoso meio de descrever eventos traumáticos, como a Guerra da Ucrânia, que assola seu país natal. Kaminsky, que atualmente vive na Califórnia (EUA), enfatizou a importância do silêncio como linguagem capaz de transmitir diferentes situações em uma história ou poesia.
Jorge Augusto, poeta nascido em Salvador, abordou em seu primeiro livro de poemas, “Mapa da cidade”, os cenários de guerra presentes na periferia de sua cidade natal. O escritor expressou o desafio de retratar a realidade da violência urbana e desnaturalizar o cotidiano precarizado da vida negra em suas obras, conferindo humanidade aos relatos.
Já a fluminense Bruna Beber destacou a rua como personagem principal em seus livros, ressaltando sua importância na formação e desenvolvimento de sua voz poética. Morando na periferia, a rua sempre foi seu espaço de aprendizado e descobertas, moldando sua visão artística e trazendo imagens para sua poesia.
Esses três poetas, cada um em sua vivência única, evidenciaram a importância da poesia como meio de descrever e transformar realidades desafiadoras, oferecendo diferentes perspectivas e vozes dentro do panorama literário contemporâneo. A diversidade de experiências e trajetórias dos autores enriqueceu o debate sobre o papel da poesia em contextos urbanos muitas vezes hostis, destacando a capacidade transformadora das palavras e da arte.