O pesquisador Rafael Esteves Gomes, especialista do Núcleo de Avaliação da Conjuntura da Escola de Guerra Naval, destacou que a Rússia, sob a liderança de Vladimir Putin, tem a vantagem no cenário atual e, portanto, está em condições de fazer exigências aos ucranianos. Isso inclui que a Ucrânia não se rearmar, nem tentar retomar áreas estratégicas, como a região de Kursk. A proposta de um cessar-fogo de longo prazo foi mencionada, mas condicionada a essa série de exigências, o que levanta questões sobre a viabilidade de um entendimento duradouro entre as partes.
Enquanto isso, a postura dos Estados Unidos diante do conflito tem se mostrado incerta, apesar de haver um reconhecimento da disposição americana em buscar uma resolução rápida. Gomes reconhece que a expectativa de Putin é de que as negociações possam resultar em uma “vitória expressiva” para a Rússia, o que acirra ainda mais as tensões no terreno diplomático.
No entanto, a análise crítica aponta que a mediação atual, com predominância dos atores ocidentais, tem se mostrado insuficiente. Gomes sugere que países do Sul Global, como Brasil, China e Índia, podem desempenhar um papel crucial neste contexto. A neutralidade e a perspectiva equilibrada desses países poderiam não apenas fomentar um diálogo mais sincero, mas também trazer novas soluções para o impasse.
A complexidade da situação exige uma maior diversidade nas vozes que compõem a mediação, pois o Sul Global tem mostrado um desejo de intervir de maneira a garantir que ambas as partes sejam ouvidas e que os interesses geopolíticos mais amplos não ofusquem a necessidade urgente de paz. Essa abordagem pode ser a chave para uma negociação que não apenas suspenda as hostilidades, mas crie um entendimento duradouro entre a Rússia e a Ucrânia.