Tradicionalmente, a comunidade científica sustentava que essas espécies, que habitavam a América do Sul durante o Pleistoceno, haviam se extinguido há cerca de 11 mil anos, coincidindo com o fim da Era Glacial e as mudanças climáticas que se seguiram. Contudo, novas datações de carbono, realizadas em fósseis encontrados em locais como Jirau, no Ceará, e na bacia do rio Miranda, em Mato Grosso do Sul, indicam que esses animais coexistiram com os seres humanos e outros ecossistemas até uma época bem mais recente.
Os fósseis analisados incluíam dentes de espécies emblemáticas, como o tigre-dentes-de-sabre sul-americano e a preguiça gigante Eremotherium. As amostras foram cuidadosamente datadas, revelando que esses animais proliferaram desde o Pleistoceno Médio até o Holoceno Superior, aproximadamente entre 77.400 e 3.500 anos atrás. Essa nova linha de pesquisa desestabiliza as teorias existentes sobre a extinção dessas criaturas, que foram historicamente vinculadas a fatores como caça humana e mudanças climáticas abruptas.
Os autores da pesquisa defendem que as condições ambientais em evolução, marcadas por temperaturas mais elevadas e períodos de seca, contribuíram para a sobrevivência de populações de mamíferos mais adaptáveis em áreas como a caatinga e o cerrado. Essas regiões, caracterizadas por uma vegetação mais resistente, possibilitaram que grupos isolados dessas espécies persistissem por milênios, desafiando a ideia de uma extinção em massa imediata.
Essas descobertas abrem novas avenidas para a pesquisa paleontológica, instigando cientistas a reavaliar a história da fauna brasileira e sua relação com as mudanças ambientais e a presença humana. O estudo, publicado no Journal of South American Earth Sciences, certamente irá impulsionar novas investigações e discussões dentro da comunidade acadêmica e além.