A perda da cauda nos primatas do grupo dos “hominoides” é um mistério evolutivo que intriga cientistas há anos. Com a identificação da mutação no gene TBXT, os pesquisadores conseguiram entender melhor como esse processo ocorreu e como ele influenciou o desenvolvimento embrionário dos primatas.
A partir de experimentos realizados em camundongos, os cientistas puderam observar que a forma anômala do gene TBXT causou defeitos no tubo neural, estrutura embrionária que dá origem ao cérebro e à medula espinhal. Essa descoberta oferece insights importantes sobre o desenvolvimento humano e pode ajudar a entender melhor problemas de saúde relacionados ao tubo neural que afetam cerca de 1 em cada 1.000 recém-nascidos.
O estudo de Bo Xia, submetido a um rigoroso processo de revisão pela Nature, lança luz sobre um antigo quebra-cabeça evolutivo. A perda da cauda nos primatas pode ter sido um benefício evolutivo para facilitar o bipedalismo, permitindo que os ancestrais dos humanos andassem de forma ereta. A teoria de que a perda da cauda possibilitou a emergência de uma nova espécie é uma das hipóteses levantadas pela comunidade científica.
Para Miriam Konkel, especialista em genética humana, as descobertas de Xia abrem um novo capítulo na história da evolução humana, mostrando como os transpósons podem influenciar a expressão de genes e características típicas dos humanos. Embora muitas perguntas ainda permaneçam sem resposta, a pesquisa de Xia oferece uma perspectiva inovadora sobre a evolução dos primatas e a perda da cauda.