Peixe-boi Marinho: Pioneirismo na Reintrodução e Conservação na APA Costa dos Corais



Conservação do Peixe-boi Marinho: Um Exemplo de Sucesso na APA Costa dos Corais

Localizada entre a foz do Rio Formoso, em Tamandaré (PE), e a foz do Rio Meirim, em Maceió (AL), a Área de Proteção Ambiental (APA) da Costa dos Corais se destaca como um importante centro de conservação do peixe-boi marinho, uma espécie ameaçada de extinção. Pioneira na reintrodução de filhotes à vida selvagem, essa área não só protege o habitat desses animais, mas também proporciona aos visitantes a oportunidade de observá-los em seu ambiente natural, por meio de passeios organizados pela Associação Peixe-Boi no Rio Tatuamunha.

Um dos principais atrativos para os turistas que visitam a região é a notável docilidade do peixe-boi. Apesar de seu tamanho imponente — que pode chegar a quatro metros e pesar até uma tonelada —, essas criaturas são surpreendentemente gentis. Pertencentes à ordem Sirenia, seus gestos tranquilos cativam os que têm o privilégio de avistá-los. Outro aspecto fascinante é o vínculo entre mães e filhotes, que começa logo após o nascimento. Diferente da maioria dos mamíferos, as fêmeas amamentam os filhotes pela parte inferior das nadadeiras peitorais, uma peculiaridade que tem despertado o interesse nas redes sociais.

O período de amamentação se estende por cerca de dois anos, durante o qual os filhotes aprendem habilidades essenciais para sobreviver. Após essa fase, eles começam a se alimentar de vegetação aquática, como o "capim-agulha", e podem consumir até 60 quilos de plantas diariamente na idade adulta. Essa dependência inicial é crucial; as mães são responsáveis por ensinar os filhotes a emergir para respirar, formando um laço forte e inseparável durante os primeiros meses de vida.

A comunicação entre mães e filhotes é outro fenômeno intrigante: os peixe-bois utilizam vocalizações específicas para se conectar, permitindo que a fêmea reconheça seu filhote em meio a outros. Esse tipo de interação é vital não só para o fortalecimento do vínculo, mas também para a sobrevivência da espécie, visto que a reprodução é lenta — as fêmeas geralmente têm apenas um filhote a cada quatro anos, e gestações de gêmeos são extremamente raras.

Com a crescente ameaça da perda de habitat e da poluição, o peixe-boi marinho se tornou uma das espécies mais vulneráveis no Brasil. A APA Costa dos Corais, criada em 1997 e considerada a maior unidade de conservação marinha federal do país, abriga uma pequena e isolada população do animal, essencial para a sua preservação. Pesquisadores dedicados, como Iran Normande, têm observado resultados positivos com o aumento de fêmeas com filhotes na região, sinalizando a eficácia das iniciativas de conservação.

Apesar dos desafios contínuos, a APA Costa dos Corais serve como um exemplo inspirador de conservação, demonstrando a importância da proteção e do cuidado com as espécies ameaçadas e suas habitats. A região de Alagoas se destaca como um modelo, não apenas pela preservação, mas também pela pioneirismo em reabilitação e reintrodução do peixe-boi marinho à natureza.

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