O episódio de terror vivido por Paulo Coelho teve lugar em 1974, em meio à vigência do Ato Institucional n.º 5 (AI-5), um dos momentos mais sombrios da história brasileira. O escritor conta como um grupo de homens armados invadiu seu apartamento, deixando-o sem saber ao certo o motivo de sua prisão, uma vez que se considerava apenas um compositor de rock na época.
Levado até o Departamento de Ordem Política e Social (Dops), Coelho foi submetido a interrogatórios, ameaças e torturas. Descreveu com detalhes os momentos de angústia, medo e desespero que viveu nas mãos de seus algozes, que o acusaram de lutar contra o seu próprio país.
Mesmo após aceitar confessar algo que não havia cometido para escapar da tortura, Paulo Coelho continuou sendo submetido a sessões cruéis de interrogatório. O sofrimento do escritor atingiu níveis extremos, com ameaças constantes e a sensação de nunca mais sair daquele inferno.
Apesar de relatar momentos de desespero e solidão após ser liberado, Coelho destacou a solidariedade de amigos como Roberto Menescal e Hildegard Angel, que o ajudaram a se restabelecer após o trauma vivenciado. O autor ainda mencionou o momento em que arquivos da ditadura foram tornados públicos, revelando que um informante foi responsável por sua prisão.
A narrativa de Paulo Coelho lança luz sobre um dos períodos mais sombrios da história do Brasil, reforçando a importância de se manter viva a memória dos horrores da ditadura militar. A coragem do escritor em compartilhar sua experiência traumática serve como alerta para as gerações futuras sobre os perigos da violação dos direitos humanos e da liberdade de expressão.