Especialistas afirmam que a atuação da Santa Sé no cenário geopolítico é crucial, especialmente diante de crises mundiais, como a crescente tensão geopolítica que ameaça a estabilidade global. Leão XIV já fez apelos públicos contra a guerra, buscando consolidar a imagem da Igreja como uma voz moral no combate a conflitos e a promoção do diálogo. Para isso, ele precisará intensificar a comunicação com a mídia internacional, uma estratégia que se mostrou eficaz e que ajudou seu predecessor a alcançar bilhões de visualizações nas redes sociais.
Historicamente, a diplomacia do Vaticano é reconhecida por sua neutralidade e pela construção de relações baseadas não na força, mas na moral e na ética. Institucionalmente, desde a assinatura dos tratados de Latrão em 1929, o Vaticano mantém a capacidade de celebrar tratados e atua como observador permanente da ONU desde 1964. Este status confere à Santa Sé uma posição única nas relações internacionais, permitindo que influencie a política mundial em diversos níveis.
A escolha de Leão XIV reflete não apenas a influência da teologia latino-americana, mas também indica que a Igreja está se afastando de uma perspectiva eurocêntrica e se voltando mais para prioridades que emergem de uma zona de maior vulnerabilidade social e econômica. Contudo, sua aproximação com o Brasil, sob a liderança de Lula, pode ser complexa. Embora ambos compartilhem interesses na defesa da paz e na justiça social, desafios em áreas como ética sexual e políticas de gênero podem gerar tensões.
Os analistas destacam a necessidade de ambos, papa e presidente, desenvolverem habilidades diplomáticas para gerenciar suas diferenças, especialmente considerando que as bases de Lula podem divergir da posição mais conservadora da Igreja em temas sensíveis. Mesmo assim, a expectativa é que a relação entre Leão XIV e o Brasil permaneça positiva, dada a proeminência do país no mapa católico mundial e seu papel na promoção de iniciativas de multilateralismo e justiça social.