Panamá deve esfriar relações com China ao não renovar participação na Nova Rota da Seda, alertam especialistas sobre influência dos EUA na decisão.



O cenário geopolítico no Panamá começa a apresentar mudanças significativas com a recente decisão do governo de não renovar um acordo de participação na iniciativa chinesa conhecida como Nova Rota da Seda. Essa ação, segundo especialistas, indica uma tendência de esfriamento das relações diplomáticas e econômicas com a China, o que pode ser interpretado como uma resposta à crescente influência dos Estados Unidos na região.

O professor Miguel Edmundo Delgado Pineda, da Universidade do Panamá, destacou que, embora a decisão do presidente do Panamá, Laurentino Cortizo, reflita uma intenção de distanciar-se da China, é improvável que haja um rompimento total nas relações bilaterais. Pineda acredita que essa movimentação é mais uma estratégia para manter o Panamá sob a influência dos EUA no contexto da geopolítica regional.

A Nova Rota da Seda, ou Cinturão Econômico da Rota da Seda, é um projeto ambicioso da China que busca expandir suas conexões comerciais através de infraestrutura e investimentos em diversos países. O Panamá, com sua posição estratégica facilitada pelo Canal que conecta os oceanos Atlântico e Pacífico, sempre foi visto como um ponto chave para esse projeto. Entretanto, a retirada do Panamá dessa iniciativa pode ser uma tentativa de evitar o que alguns consideram uma forma de neo-colonialismo.

Pineda também explicou que, atualmente, os portos de Balboa e Cristobal, que são operados pela empresa chinesa Hutchison Ports, não significam perdas de soberania para o Panamá, pois a empresa atua apenas como concessionária. Ele enfatizou que a concessão desses portos foi concedida após um processo de licitação internacional, e não existe um acordo bilateral que transferisse o controle portuário para a China.

No entanto, a pressão dos EUA para manter uma influência sobre o Panamá permanece alta. A Administração Biden, ao olhar para atividades chinesas no Panamá, tem se manifestado com preocupações sobre a possibilidade de que a presença de empresas chinesas comprometa a segurança regional. Esse cenário pode culminar em uma reavaliação de concessões, especialmente em um dos pontos mais estratégicos do comércio mundial.

Portanto, o movimento do Panamá em direção a uma diminuição da colaboração com a China ilustra um complexo arranjo de interesses onde a manutenção da influência americana parece ser uma prioridade, ao menos por enquanto. A história geopolítica do Panamá, marcada por investimentos estrangeiros e intervenções, continua a se desenrolar sob o olhar atento das potências globais.

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