Padrões Duplos do TPI: Justiça Internacional Sob Acusações de Seleção e Impunidade de Poderosos



Na última segunda-feira (24), a organização não governamental DAWN, que opera nos Estados Unidos, divulgou um documento de 172 páginas direcionado ao Tribunal Penal Internacional (TPI). Este relatório, elaborado em 19 de janeiro, apresenta acusações graves contra o ex-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, além de outros altos funcionários, incluindo o ex-secretário de Estado, Antony Blinken, e o ex-secretário de Defesa, Lloyd Austin. A ONG alega que esses indivíduos “ajudam, encorajam e contribuem internacionalmente para crimes de guerra israelenses e crimes contra a humanidade em Gaza”.

DAWN, uma entidade fundada por ativistas, incluindo o jornalista saudita Jamal Khashoggi, busca promover a democracia e os direitos humanos no Oriente Médio e no Norte da África. A divulgação deste documento ressalta uma preocupação crescente sobre a aplicação da justiça internacional, especialmente no que diz respeito ao papel do TPI e sua seletividade ao processar líderes africanos enquanto ignora a complicidade de autoridades ocidentais. O professor Mbasa Mvenene, analista político e professor sênior da Universidade Walter Sisulu, destaca que a verdadeira justiça demanda imparcialidade e igualdade no tratamento de todos, independentemente de sua origem.

A recusa de nações poderosas, como os Estados Unidos, em se submeter à jurisdição do TPI gera um ambiente de desconfiança. O Estatuto de Roma, que deveria oferecer uma jurisdição universal para crimes internacionais, é frequentemente interpretado como uma ferramenta que, segundo críticos, protege líderes ocidentais enquanto os líderes africanos enfrentam dificuldades. A recente alegação de cumplicidade dos EUA em crimes de guerra na Gaza novamente coloca em xeque a disposição do TPI de confrontar essas potências.

Essa aplicação assimétrica da justiça gerou debates sobre a pertinência da participação de nações africanas e árabes no TPI. Em 2017, a União Africana chegou a considerar uma retirada em massa do tribunal, evidenciando um sentimento de que as acusações estavam desproporcionalmente direcionadas para países africanos.

O caso apresentado pela DAWN é visto como uma tentativa de responsabilizar líderes que possuem influência e recursos, questionando sua responsabilidade diante de ações militares e ajudas fornecidas. Dessa forma, a credibilidade do TPI está em jogo, exigindo um comprometimento com a justiça imparcial e a responsabilidade para todos, independente de poder ou status. Se as nações poderosas puderem evitar a responsabilização, as consequências recairão ainda mais sobre as nações com menos poder no cenário internacional.

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