Oposição Venezuelana Acusa Conselho Eleitoral de Bloqueio e Irregularidades em Eleições Cruciais

A líder do partido de oposição na Venezuela, Delsa Solórzano, fez graves acusações contra o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) em uma coletiva de imprensa realizada na noite deste domingo. Segundo ela, uma série de irregularidades estaria impedindo o acesso de sua coalizão à apuração dos votos. Entre as acusações, Solórzano destacou a negativa do CNE em entregar os boletins das urnas aos representantes da oposição, o que ela classifica como uma clara violação dos direitos legais.

Solórzano aproveitou a ocasião para pedir aos eleitores que permanecessem nas seções eleitorais. “O que está acontecendo é que não querem imprimir a ata e não querem transmitir [a impressão], e isso já é um padrão de incidentes em várias seções eleitorais em todo o país”, denunciou. Ela afirmou ainda que a oposição irá imediatamente buscar acesso às atas no CNE, diante de um suposto bloqueio das testemunhas que desejam acompanhar a contagem dos votos.

O contexto das eleições venezuelanas este ano é particularmente importante, visto que colocam em disputa o futuro de 25 anos de chavismo. Enquanto o presidente Nicolás Maduro busca um terceiro mandato, a oposição tenta uma reviravolta histórica com Edmundo González, que assumiu a liderança após a Justiça impedir María Corina Machado de concorrer.

Na coletiva de imprensa, o advogado da campanha opositora, Perkins Rocha, também expressou sua preocupação. “Os olhos do mundo estão na Venezuela agora. Não burlem os cidadãos. É o momento para que digamos a verdade. Até agora, nosso melhor instrumento tem sido a verdade: por ela, estamos dispostos a dar a nossa vida,” declarou Rocha, reafirmando o compromisso com a transparência eleitoral.

O comparecimento às urnas foi outro ponto de preocupação para a oposição. Segundo a campanha Comando Venezuela, mais de 11,7 milhões de venezuelanos votaram neste domingo, representando 54% do eleitorado total de 21 milhões. Em comparação, a eleição de 2013 teve um comparecimento de 80%.

A situação em Venezuela atraiu atenção internacional. Governos de Argentina, Uruguai, Equador, Paraguai, Peru, Panamá, Costa Rica e República Dominicana divulgaram uma nota conjunta pedindo que os resultados eleitorais sejam respeitados e que os fiscais de urna tenham acesso às atas de votação. O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, liderou o movimento.

Por outro lado, países que mantêm uma relação mais próxima com o chavismo, como Colômbia e Brasil, não assinaram a nota. Celso Amorim, assessor especial para assuntos internacionais do Planalto, acompanha o pleito de perto e destacou a “tranquilidade” do processo até o momento.

A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, também se pronunciou, reforçando o apoio do governo americano ao povo venezuelano e destacando a importância do respeito à vontade popular expressa nas urnas. “Apesar dos muitos desafios, continuaremos a trabalhar em prol de um futuro mais democrático, próspero e seguro para os venezuelanos”, afirmou Harris em suas redes sociais.

Enquanto isso, observadores internacionais, analistas políticos e as diversas forças políticas do país seguem atentos ao desfecho deste momento crítico para a democracia venezuelana.

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