Oposição na Noruega pressiona por mudanças em investimentos do fundo soberano em defesa devido ao aumento de gastos militares na Europa.

Os principais partidos de oposição na Noruega estão exigindo uma revisão significativa na política de investimentos do maior fundo soberano do mundo, que possui um valor estimado em 1,8 trilhões de dólares. A proposta envolve o cancelamento de uma proibição que impede o fundo de investir em empresas do setor de defesa, como Boeing, Lockheed Martin e Airbus. Essa restrição tem suas raízes em diretrizes éticas estabelecidas pelo parlamento norueguês no início dos anos 2000, que visam evitar investimentos em empresas que fabricam armamentos nucleares ou de fragmentação.

Os partidos Conservador e Progressista, de centro-direita, argumentam que as circunstâncias atuais de segurança, especialmente diante da crescente tensão na Europa, justificam uma reavaliação dessas regras. Os líderes da oposição, incluindo a ex-primeira-ministra Erna Solberg, criticaram os regulamentos como “irônicos”, ressaltando que a Noruega, como membro da OTAN e dependente da segurança fornecida pelos Estados Unidos, não pode continuar a se furtar de investir em empresas que produzem armamentos dos quais dependem para sua própria defesa.

O debate sobre essa política surge em um contexto em que a atitude dos investidores globais está mudando em relação ao setor de defesa. Com o aumento dos gastos militares em diversos países europeus, especialmente após declarações do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, que levantou a possibilidade de reduzir suas garantias de segurança, a pressão por reavaliações na política de investimentos norueguesa se intensifica.

Além disso, o fundo de petróleo da Noruega detém uma participação média de 1,5% de todas as ações globalmente listadas e 2,5% das ações na Europa, o que significa que uma mudança em sua política de investimento poderia influenciar outros investidores a reconsiderar suas próprias abordagens em relação a empresas de defesa.

Com um novo ministro das Finanças, Jens Stoltenberg, ex-chefe da OTAN, à frente do governo, as expectativas são de que a Noruega possa adotar uma postura mais flexível quanto ao que é considerado eticamente aceitável no setor de investimentos, especialmente em tempos de crescente tensão geopolítica. A governadora do Banco Central da Noruega, Ida Wolden Bache, também se manifestou, afirmando que o país deve estar preparado para revisar suas restrições de investimento, refletindo as mudanças dinâmicas na segurança e na indústria de defesa.

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