A direção cênica de Menelick de Carvalho trouxe uma abordagem despretensiosa à obra de 1832, ressaltando a relevância das encenações do Teatro Municipal, que não eram realizadas no primeiro semestre desde 2018. A ópera, como um evento artístico que permeou a história europeia e pan-americana por séculos, sempre foi um espaço onde histórias ganhavam vida e eram compartilhadas pela sociedade.
A trama de “O Elixir do Amor” aborda questões sociais e psicológicas complexas, com a personagem de Adina se apaixonando pelo camponês Nemorino em meio a jogos de desejo e imitação. A teoria do desejo mimético de René Girard, presente na obra, é exemplificada de forma divertida e cativante no libreto de Felice Romani.
No palco, o tenor Aníbal Mancini brilhou como Nemorino, enquanto o barítono Vinícius Atique e o baixo Savio Sperandio também se destacaram em seus papéis. A regência de Felipe Prazeres, embora pudesse equilibrar melhor a orquestra com as vozes, não tirou o brilho da apresentação.
Os figurinos de Desirée Bastos e a cenografia farsesca, iluminada por Paulo Ornellas, contribuíram para a atmosfera cômica e sábia da montagem. Mesmo com desafios como a perda de um dos integrantes da orquestra, o espetáculo foi marcado por momentos de humor, bufonaria e reflexão, reafirmando o valor perene das óperas clássicas.
“O Elixir do Amor” ainda será apresentado nos dias 19, 21, 24 e 26 de março, com ingressos disponíveis a preços acessíveis. Uma oportunidade imperdível para apreciar a riqueza artística e cultural deste gênero tão relevante.