A violência desencadeada e a fuga em massa dos prisioneiros demonstram a influência das gangues na capital haitiana e desafiam a autoridade do premiê. Embora algumas atividades na cidade tenham sido retomadas, como os transportes e parte do comércio, o clima de tensão permanece. Moradores ergueram barricadas nas ruas e jornalistas relatam a presença de homens armados pela cidade.
Os criminosos continuam agindo nos arredores do aeroporto Toussaint Louverture, onde tentaram invadir o local cortando parte da cerca de segurança. As forças militares conseguiram repelir o ataque, mas três aeronaves foram atingidas e houve confronto com uso de um veículo blindado. Com o risco de novos ataques, companhias aéreas americanas suspenderam os voos para a capital haitiana por tempo indeterminado.
A situação caótica no Haiti reflete a ausência do Estado, que há anos enfrenta a violência e o domínio das gangues. A decretação do estado de emergência e toque de recolher foi interpretada como uma declaração de guerra pelos criminosos. Analistas destacam que o atual cenário, com a tentativa de derrubar o primeiro-ministro e assumir o controle do país, é inédito e extremamente perigoso.
A comunidade internacional teme um colapso total no Haiti, que já não realiza eleições desde 2016 e enfrenta uma crise humanitária crescente. O Conselho de Segurança da ONU autorizou o envio de uma força multinacional, mas questões judiciais têm impedido a intervenção. O primeiro-ministro Ariel Henry buscou apoio em países vizinhos, como a República Dominicana, mas teve sua aterrissagem negada e permanece em Porto Rico aguardando uma solução.
A tensão também se reflete nas relações entre Haiti e República Dominicana, com o governo dominicano fechando a fronteira terrestre e rejeitando refugiados haitianos. Enquanto isso, a população haitiana enfrenta um cenário de violência e instabilidade política crescentes, sem perspectivas de melhora a curto prazo.